Política aparece com força na edição 2019 do É Tudo Verdade
Festival de documentários homenageia Nelson Pereira dos Santos, morto em 2018
O festival de documentários É Tudo Verdade anunciou nesta segunda-feira, 11, a seleção de filmes que vai compor sua 24ª edição, que acontece entre os dias 4 e 14 de abril em São Paulo e entre 8 e 14 de abril no Rio de Janeiro.
Neste ano, o festival homenageia o cineasta Nelson Pereira dos Santos, falecido em 2018, com uma dupla de minisséries documentais dirigidas por ele: Casa Grande & Senzala (2001), sobre a obra do sociólogo Gilberto Freyre, e Raízes do Brasil (2004), sobre o historiador Sérgio Buarque de Holanda. O jornalista e cineasta francês Claude Lanzmann também ganha um tributo com a exibição de seu último filme, As Quatro Irmãs.
A abertura em São Paulo terá o longa Mike Wallace Está Aqui, de Avi Belkin. O filme se debruça sobre o jornalista que apresentava o programa de entrevistas 60 Minutes na TV americana. No Rio, o evento começa com uma sessão de Memórias do Grupo Opinião, de Paulo Thiago, sobre o coletivo cultural que atuou na resistência à ditadura militar no Brasil.
A política, aliás, é um tema que aparece com força nesta edição, que traz obras como A Beira, de Alison Klayman, investigando a vida do ex-estrategista político de Donald Trump e ideólogo da nova onda conservadora Steve Bannon, que ganhou projeção durante as eleições americanas de 2016. Outro título tributário da política é Encontrando Gorbachev, de Werner Herzog e Andre Singer, que reúne três entrevistas para contar a história do ex-líder soviético. Já A Liberdade É uma Palavra Grande, coprodução entre Uruguai e Brasil, narra as experiências de um homem palestino que passou treze anos na prisão de Guantánamo, nos Estados Unidos, e agora recomeça a vida na América Latina.
O festival também traz o documentário Piazzola: os Anos do Tubarão, de Daniel Rosenfeld, sobre o compositor que revolucionou o tango argentino, e a animação curta 2001 – Faíscas na Escuridão, de Pedro González Bermúdez, que recria uma entrevista do diretor Stanley Kubrick sobre o filme 2001: uma Odisseia no Espaço.
Ao todo, serão exibidos 66 títulos, entre produções nacionais e internacionais, em sessões gratuitas espalhadas pelo Centro Cultural São Paulo, IMS Paulista, Itaú Cultural e Sesc 24 de Maio (em São Paulo) e Estação NET Botafogo e IMS Rio (no Rio de Janeiro). O número mostra uma recuperação em relação ao ano passado, que teve cerca de 55 obras participantes, mas ainda fica um pouco abaixo dos mais de oitenta títulos que o festival costumava levar aos cinemas nos anos anteriores.
Simultaneamente ao evento, alguns filmes serão exibidos em streaming, pela plataforma SPCine Play e, após a passagem pelas capitais, a programação segue em itinerância para as cidades de Araraquara, Jundiaí, Santos, São José dos Campos e Sorocaba.
Criado pelo jornalista Amir Labaki, o festival já se tornou um dos eventos mais tradicionais do ano para o cinema no Brasil e, recentemente, se tornou uma premiação seletiva para o Oscar — os curtas e longas-metragens premiados no É Tudo Verdade são automaticamente enviados à Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, e podem ser indicados ao Oscar do ano seguinte.
A programação completa do festival será divulgada em breve. Mais informações no site etudoverdade.com.br.