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Pintora sem braços e pernas da era vitoriana é redescoberta em leilões

Em 2019, um autorretrato de Sarah Biffin foi vendido por 1 milhão na Sotherby's; agora raro estudo de penas em aquarela será leiloado no Reino Unido

Por Marcelo Canquerino 15 dez 2021, 10h44

Nascer sem os braços e as pernas não impediu que Sarah Biffin (1784-1850), de Somerset, na Inglaterra, se tornasse uma grande pintora durante a era vitoriana. Sozinha, aos 10 anos de idade, a jovem aprendeu a pintar, costurar e escrever usando a boca. Mesmo tendo caído no ostracismo após a morte, em 2 de outubro de 1850, as obras de Biffin estão sendo resgatadas graças a alguns leilões pelo mundo. A mais recente novidade é o leilão de um raro estudo de penas em aquarela feito pela artista. Com valor estimado de 3.000 a 5.000 libras (22.575 a 37.632 reais em cotação atual), a pintura será vendida entre os dias 14 e 15 de dezembro pela Sworders, no Reino Unido.

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Por volta dos 13 anos de idade, Biffin foi contratada por um showman itinerante chamado Emmanuel Dukes, que convenceu os pais da garota a deixá-la participar de turnês pelo país e fez dela sua aprendiz. Apesar das exibições das obras da jovem, que pintava miniaturas, ele a apresentava como uma aberração em decorrência de suas deficiências. Após 16 anos, com um salário de 5 libras por ano, Biffin foi dispensada do trabalho.

O começo da carreira artística teve um ponto de virada em 1808 durante a Feira de São Bartolomeu, quando ela foi apresentada ao 16º Conde Morton. O Conde, que havia encomendado um retrato em miniatura de si mesmo, transformou-se em grande apoiador da pintora — inclusive patrocinando seus estudos na Royal Academy of Arts, no Reino Unido. Nomes importantes da realeza britânica encomendaram pinturas em miniatura com ela, como Jorge III, que comprou um retrato para sua filha, a Rainha Vitória, obra agora residente na Coleção Real. A fama da miniaturista foi tanta que até mesmo o renomado escritor Charles Dickens chegou a mencioná-la em três de seus livros: A Vida e as Aventuras de Nicholas NicklebyMartin ChuzzlewitA Pequena Dorrit, embora em grande parte o autor zombasse da aparência da artista. 

O interesse nas obras de Sarah Biffin estão crescendo cada vez mais nos últimos anos. “Seu trabalho é extraordinário em qualquer padrão. Ela conseguiu captar o espírito de sua época, e hoje há um grande ressurgimento de artistas mulheres interessantes. Os preços dela estão disparando”, disse Guy Schooling, presidente da Sworders, a publicação especializada The Art Newspapper. Um leilão realizado pela Shotherby’s em 2019 prova o grande interesse (e alto valor) das obras de Biffin: um autorretrato de cerca de 1821 foi vendido por aproximadamente 137.500 libras (com taxas), o que equivale a 1.034.195 de reais na cotação atual.

De acordo com Schooling, há muito interesse dentro de Londres pela obra de Biffin. “Não sei se há pinturas suficientes para realmente criar um mercado para ela. Mas acho lindo que, depois de todos esses anos, ela ainda seja lembrada. E ainda estamos falando sobre seu trabalho 180 anos depois”.

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