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Oprah Winfrey faz discurso poderoso contra assédio e racismo

Apresentadora foi homenageada no Globo de Ouro com o prêmio honorário Cecil B. DeMille

Por Da redação
Atualizado em 8 jan 2018, 11h23 - Publicado em 8 jan 2018, 01h36

Oprah Winfrey foi a homenageada da 75ª edição Globo de Ouro, na noite deste domingo, com o tradicional prêmio honorário Cecil B. DeMille. No ano anterior, a honraria foi entregue à Meryl Streep, que viu seu discurso viralizar na internet ao criticar Donald Trump e defender estrangeiros. Como esperado, Oprah também entregou um discurso forte, voltado para a defesa das mulheres e contra o assédio e o racismo.

“Em 1964, eu era uma menina, sentada no chão da casa da minha mãe, assistindo Sidney Poitier vencer o prêmio de melhor ator”, lembrou Oprah sobre o Oscar e o Globo de Ouro recebido pelo ator na época pelo filme Uma Voz Nas Sombras. “Ao palco veio o homem mais elegante que eu já vi. Me lembro da gravata branca e sua pele negra. Eu nunca tinha visto um negro homenageado assim. Tentei várias vezes explicar o que aquele momento significava para uma criança de um lugar tão humilde, enquanto minha mãe entrava em casa, cansada de limpar a casa dos outros. E nesse momento, não consigo deixar de pensar que podem existir outras pequenas meninas me assistindo receber este prêmio. Sou a primeira mulher negra a ganhá-lo. É uma honra, e um privilégio compartilhar a noite com todas elas, e todos os homens e mulheres que me inspiraram, me desafiaram e me trouxeram até aqui.”

Em seguida, a apresentadora agradeceu à Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, responsáveis pelo Globo de Ouro, e aproveitou para homenagear aos membros da imprensa. “Vemos a imprensa sofrer um cerco hoje em dia. É preciso ter dedicação para se revelar a verdade, a injustiça, os tiranos e suas vítimas. Quero dizer que eu valorizo a imprensa mais do que nunca. Estamos tentando viver esse tempo difícil. Por isso, vou falar, que sei ao certo, que dizer a sua verdade é a ferramenta mais poderosa que temos. Tenho orgulho e me inspiro nas mulheres que tiveram a força e o poder de falar e compartilhar suas histórias particulares. Neste ano, somos a história.”

Oprah usou o fim de seu discurso para falar sobre o tema da noite: abuso sexual. “Não sofremos abuso só na indústria do entretenimento. É um problema que transcende local de trabalho, raça, cultura. Quero prestar um tributo às mulheres que suportaram anos de abuso e violência. Elas, como minha mãe, tinham contas para pagar, filhos para alimentar e sonhos para correr atrás. São mulheres com nomes que nunca saberemos. São trabalhadoras domésticas, profissionais de fazendas, fábricas, restaurantes, acadêmicas, militares.”

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Ela finalizou lembrando a história de Recy Taylor, uma mulher negra que, em 1944, foi sequestrada e estuprada por seis homens armados enquanto voltava da igreja. “Ela procurou justiça em uma época que não havia justiça. Recy morreu há dez dias. Ela viveu em uma cultura de homens brutais e poderosos. De pessoas que não acreditariam nela. Mas o tempo dessas pessoas brutais acabou”, disse, antes de ser aplaudida de pé pela plateia.

“Espero que Recey tenha morrido sabendo que a verdade dela, e de tantas outas mulheres atormentadas naquela época, foi ouvida. Eu entrevistei e interpretei pessoas que passaram por coisas horríveis na vida, e todas elas tinham a capacidade de manter a esperança por um dia melhor. Mesmo nas noites mais terríveis. Que as meninas assistindo esta noite saibam que um novo dia está chegando. Quando esse dia chegar, será por que muitas mulheres magnificas, muitas que estão aqui a noite, e homens fenomenais, lutaram para serem os líderes que conduziram esse tempo em que ninguém mais precisa dizer ‘me too’ (eu também)”, disse, lembrando o movimento online em que mulheres compartilharam casos de abuso com a hashtag #metoo.

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