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Obra de Banksy triturada em ato anticapitalista multiplica seu valor

O fenômeno comprova que é lucrativa a arte de quem posa de inimigo do lucro

Por Amanda Capuano Atualizado em 13 set 2021, 09h08 - Publicado em 11 set 2021, 08h00
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  • EM 5 de outubro de 2018, colecionadores se dirigiram à casa Sotheby’s, em Londres, para mais um tradicional leilão de arte. Eles acabaram presenciando, contudo, um acontecimento com lugar já garantido nos livros de história da arte no futuro. Segundos depois de ser arrematado por 1,04 milhão de libras esterlinas, Girl with Baloon — versão em quadro do grafite de Banksy que foi eleito a obra favorita do Reino Unido no ano anterior — escorregou para as garras de um triturador de papel escondido pelo artista na moldura. Diante de uma plateia estupefata, a engenhoca picou em tirinhas metade da tela. Três anos depois, parcialmente destruída e renomeada como Love Is in the Bin, a criação do maroto Banksy voltará a ser leiloada na Sotheby’s, em 14 de outubro — e deve arrecadar entre 4 milhões e 6 milhões de libras, ao menos quatro vezes mais que quando em perfeito estado.

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    A supervalorização pode parecer estranha aos puristas, mas explica-se pelo furor da “intervenção”, que conferiu à peça status de manifesto contra o establishment. O artista de identidade secreta é defensor de uma arte sem donos e conhecido por desenhos que alfinetam o capitalismo. Assim, o ato de destruir uma obra feita originalmente em um muro e vendida a algum rico engomadinho foi lido como ataque direto de Banksy à dinheirama que corre solta no mercado da arte. É uma doce ironia, portanto, que a performance “anticapitalista” tenha ampliado ainda mais a expectativa de lucro em cima da obra. Na época, ele alegou que o sistema falhou ao cortar só metade da peça, mas é difícil crer que o acaso tenha destruído Girl with Baloon de forma tão precisa que restasse intacto apenas um simbólico coração — mais parece uma jogada de marketing muito bem pensada e eficaz.

    Banksy Myths and Legends
    Robert Rauschenberg

    O inglês, inclusive, não é o primeiro a fazer fama com obras intencionalmente destruídas. Em 1970, John Baldessari incinerou seus quadros pintados entre 1953 e 1966 e batizou o ato como “Projeto Cremação”. As cinzas preencheram dez urnas funerárias, parte delas usada em projetos futuros, como ingrediente de “biscoitos” que chegaram a ser expostos no MoMa, em Nova York. Em São Francisco, uma folha bege praticamente em branco está exposta ao público em uma moldura dourada: batizada de Erased Kooning, a obra do americano Robert Rauschenberg surgiu de um rascunho de Willem de Kooning, que doou o desenho para que Rauschenberg apagasse. No caso de Banksy, a peça picadinha já atestou seu sucesso ao ser exposta na Alemanha. Ele pode posar de “anticapitalista” — mas não é bobo.

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    Publicado em VEJA de 15 de setembro de 2021, edição nº 2755

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