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O sucesso do BaianaSystem e seu batuque de protesto contra Bolsonaro

A banda prova que as letras engajadas ressuscitaram no Brasil atual

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h25 - Publicado em 29 Maio 2020, 06h00
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  • A cada apresentação do BaianaSystem, o ritual se repete. Diante das guitarras frenéticas, batuques e efeitos eletrônicos, os fãs pulam em transe, usando máscaras de papel com carrancas de inspiração afro. Com onze anos de estrada, o grupo saiu de Salvador para ganhar o mundo. Uma de suas músicas virou hit internacional ao entrar para a trilha do videogame de futebol Fifa 2016. No ano passado, veio o Grammy Latino de melhor álbum de rock em língua portuguesa, pelo disco O Futuro Não Demora. Mas a força máxima da banda, liderada pelo guitarrista Roberto Barreto e pelo vocalista Russo Passapusso, está nos shows ao vivo. Ela acaba de reafirmar seu posto imbatível nesse quesito com o lançamento de Gil Baiana ao Vivo em Salvador. A parceria com o conterrâneo Gilberto Gil foi gravada em novembro de 2019 e contém velhos clássicos do compositor pinçados a dedo para denunciar as mazelas brasileiras e alfinetar Jair Bolsonaro, de Nos Barracos da Cidade a Pessoa Nefasta. Com isso, evidencia-se outra marca incontornável do BaianaSystem. Seus oito integrantes carregam com gosto bandeiras políticas — e mostram que a prática está de volta com tudo à MPB.

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    A ascensão de seu som engajado neste momento da vida nacional não se dá à toa. A música politizada é um fenômeno sempre à espreita quando o Brasil passa por tempos difíceis. Na ditadura militar, ficou a cargo de Geraldo Vandré, Chico Buarque ou da turma da tropicália. Na Nova República, foi a vez de Cazuza, Plebe Rude e — claro — do Legião Urbana de Renato Russo. Curiosamente, a “canção de protesto” viveu certo ocaso nos anos do PT — como há um predomínio da esquerda nessa seara, houve um silêncio eloquente dos artistas diante dos malfeitos do partido no poder. Coube a Bolsonaro a “façanha” (dentre tantas) de dar novo combustível ao som politizado — com o BaianaSystem ruidosamente à frente.

    Em 2017, a banda puxou de cima do trio elétrico do Carnaval baiano o coro do “Fora, Temer”, transmitido ao vivo pela TV. Na folia deste ano, ainda antes de a pandemia assolar o país, a metralhadora já se voltava contra Bolsonaro: o grupo e seu público se juntaram num catártico festival de xingamentos ao presidente. No single mais recente, Cabeça de Papel, eles alertam sobre o risco que a democracia estaria correndo e atacam Donald Trump e o líder brasileiro. “Se tem uma coisa positiva sobre o Bolsonaro é que ele nunca nos decepciona. A gente sempre espera o pior dele”, diz Roberto Barreto.

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    No Brasil de 2020, a música com bandeira ressurgiu sob nova embalagem. Até agora, não há um hit na boca do povão, como ocorreu nos anos 80 com Que País É Esse?, do Legião. Os expoentes da tendência — como Emicida, Karol Conka e Francisco, El Hombre — trafegam pelo hip-hop, rock, eletro e funk. Ocupam um nicho mais alternativo — o que não significa que lhes falte potência musical. O BaianaSystem é a melhor prova disso. Fruto de muitas influências, o som do grupo não é fácil de definir. Manguebeat, reggae, ijexá (ritmo africano) e axé estão na base das composições. Além do álbum ao vivo com Gil, o Baiana lançou recentemente o trabalho Futuro Dub, com remixes em dub do álbum premiado com o Grammy. “Somos filhos de toda essa mistura brasileira — religiosa, de gênero e de raça. Somos uma colcha de retalhos”, prega o vocalista Passapusso. Literal demais e acorrentada à realidade do momento, a música politizada não raro se torna um item datado. É cedo para dizer se isso vai acontecer com o BaianaSystem — mas que a batucada soa mais ensurdecedora do que nunca agora, é fato.

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    Publicado em VEJA de 3 de junho de 2020, edição nº 2689

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