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O feitiço que fez ‘Marilyn’ de Warhol atingir recorde de 1 bilhão de reais

Arrematado nessa segunda por maior valor já pago por obra do século XX, retrato da estrela feito por papa da art pop sobreviveu a tiroteio

Por Amanda Capuano 10 Maio 2022, 07h05

Um dos retratos de Marilyn Monroe pintados na famosa série de Andy Warhol sobre a estrela de Hollywood foi leiloado nessa segunda-feira, 9, em Nova York por 195 milhões de dólares – o equivalente a impressionantes 1 bilhão de reaisA bagatela faz da serigrafia de Warhol a obra mais valiosa do século XX, ultrapassando a pintura Les Femmes d’Alger (Versão ‘O’)”, de Pablo Picasso, vendida em 2015 por 179,4 milhões de dólares.

Batizada de Shot Sage Blue Marilyn, a obra de 1964 tem uma história no mínimo curiosa: ela é “sobrevivente” de um tiroteio no estúdio de Warhol. Em 1964, uma artista performática chamada Dorothy Podber entrou no local e viu quatro dos cinco retratos da série de Marilyn feita por Warhol após a morte da atriz exibidos nas paredes. Ela, então, pediu para clicar as peças usando a palavra “shoot”, que em inglês significa fotografar, mas também atirar. Seu real objetivo logo ficou claro: Podber sacou uma pistola da bolsa e atirou na cabeça de cada uma delas, na região entre os olhos.

Warhol, posteriormente, atônito com a situação, restaurou os quadros, e a série ganhou o nome de “Shot Marilyns” (Marilyns Baleadas, em português), em referência ao caso. A Marilyn azul, agora a pintura mais cara já vendida no século XX, é a mais famosa delas e, curiosamente, a única que não chegou a ser atingida pela “performance” não autorizada de Dorothy Podber, um elemento indispensável para a áurea lendária que a coleção de serigrafias ganhou nos anos seguintes.

Curiosamente, quatro anos depois do episódio, o estúdio de Warhol voltou a ser alvo de mais um tiroteio, dessa vez mais trágico e quase fatal. Em junho de 1968, a escritora Valerie Solanas, paranoica com a ideia de que Warhol fosse roubar um de seus manuscritos, invadiu seu escritório e atirou contra ele e Mario Amaya, dono de uma galeria de Londres com quem o artista estava em reunião. Amaya não ficou gravemente ferido. Warhol, por outro lado, chegou a ser dado como morto, mas foi reanimado em seguida e passou dois meses no hospital se recuperando de várias cirurgias, além de ser forçado a usar um espartilho cirúrgico pelo resto da vida para manter os órgãos no lugar.

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