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NXIVM: O que é e como age a seita do sexo de Alisson Mack e Keith Raniere

Sociedade secreta marcava suas escravas a laser e as obrigava a manter relações sexuais com o líder do culto, Keith Raniere

Por Mabi Barros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 26 abr 2018, 15h09 - Publicado em 26 abr 2018, 09h35

Em outubro do ano passado, o jornal The New York Times trouxe à tona a história de uma seita sexual secreta que funcionava sob o nome de NXIVM — pronuncia-se “nexium”. Com base em uma pseudo-filosofia que prometia indicar o caminho para o sucesso, cunhada pelo controverso palestrante de autoajuda Keith Raniere, 57, preso mês passado no México, a organização atraía milhares de pessoas nos Estados Unidos com cursos e workshops em que ensinaria como alcançar a felicidade plena.

Dentro do NXIVM, funcionava o DOS, uma sociedade secreta que marcava mulheres a laser e as oferecia como escravas sexuais a Raniere. Acredita-se que a sigla seja um anacronismo do latim “dominus obsequious sororium” ou, em tradução livre, “mestre das companheiras femininas obedientes”. Allison Mack, que interpretou a ética jornalista Chloe, confidente de Clark Kent na série de TV Smallville, foi apontada como uma das cabeças do grupo.

Qualquer um pode frequentar as palestras e cursos do NXIVM, mas apenas as alunas mais assíduas e comprometidas são “convidadas” a participar do DOS. “Eles faziam parecer um treinamento para mulheres duronas”, contou Sarah Edmondson, uma ex-escrava sexual de Keith Raniere ao New York TimesSegundo ela, Vanguarda, como Raniere era chamado dentro do culto, e outros membros de alta patente da seita se pautavam pela grandiloquência: eles acreditavam que o grupo poderia se tornar tão grande a ponto de manipular as eleições americanas.

Para fazer parte da irmandade, as possíveis recrutas precisam garantir sigilo, oferecendo algo que possa ser usado como moeda de troca. Geralmente, são pedidos materiais comprometedores, como fotos nuas. Com isso, elas são forçadas não só a manter segredo quanto às atividades do DOS, mas também compelidas a continuar lá.

 

Centro de treinamento

Na irmandade, as mulheres recebem lições sobre como superar as “fraquezas” comuns ao gênero, segundo o conceito de Raniere, como a incapacidade de manter promessas e uma natureza de ordem superemotiva. As escravas deveriam abraçar o papel de vítima que teriam nascido para desempenhar, por meio da submissão a um “mestre”. Cada mestre deve recrutar seis escravas, que, eventualmente, também podem vir a ter sua cota de servidoras.

Cada nova integrante é enviada a um “centro de treinamento” — geralmente, a casa de um dos membros de alta patente, como Allison Mack. Nua e vendada, a recruta deve proferir um “voto” vitalício de lealdade a Raniere, prometendo obedecê-lo e protegê-lo acima de todas as coisas. Depois, é levada a um aposento e deitada sobre uma maca, onde receberá o que chamam de “pequena tatuagem”, parte do “trote” de iniciação na seita.

O que acontece a seguir assustou Sarah Edmondson, uma das egressas do grupo. Na entrevista ao New York Times, ela contou que três mulheres seguraram seus ombros e pernas, enquanto uma quarta marcava, a laser, um K e um R (as iniciais de Keith Raniere) na pele abaixo do quadril, perto da virilha. “Eu suei o tempo todo, dissociei do meu corpo”, contou ela.

Culto
Reprodução de fotos de escravas sexuais do DOS – NXIVMDOS – NXIVMDOS – NXIVMDOS – NXIVMDOS – NXIVM, em que aparecem as iniciais de Keith Raniere (KR) e Allison Mack (AM) (//Reprodução)

 

Fome e sexo

O ritual de iniciação, digno de filme de terror, era o só o começo das experiências “construtoras de caráter” a que eram submetidas as escravas do DOS – NXIVM. Além de manter relações sexuais com Keith Raniere, era preciso ter o corpo que ele desejava. Por isso, as servas eram submetidas a dietas de apenas 800 calorias por dia — o normal são 2.000 calorias diárias por pessoa — e a uma intensa rotina de exercícios, com corridas de até 60 km por semana. Seus deslizes e falhas eram punidos, muitas vezes, com jejum e castigos físicos. As mulheres também precisavam cumprir as metas de cooptar recrutas para o grupo.

As escravas não precisavam viver junto a Raniere ou às suas mestras, mas estar sempre disponíveis para eles. Um atraso superior a 1 minuto para responder uma mensagem de texto, por exemplo, era passível de punição. Alguns membros mais radicais, no entanto, abriram mão de suas vidas para estar exclusivamente ao dispor da seita do sexo.

 

Quem paga?

Bancar rituais sádicos, um time de “funcionários” e um confortável nível de vida custa alto. A pergunta é como Keith Raniere conseguia esse dinheiro. Membros de alto escalão da política do México foram apontados como alguns dos mantenedores do NXIVM, segundo o jornal chicano El Universal.

Em 2010, acredita-se, o patriarca da família Bronfman (dona da marca de uísque Seagram) tentou destituir as filhas, Clare e Sara, ao descobrir que elas doavam dinheiro para a instituição.

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