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Neto de Ivone Lara pede desculpas a Fabiana Cozza e fala em ‘preconceito’

André Lara lamentou publicamente, nas redes sociais, a pressão de parte do movimento negro para que Dona Ivone tivesse intérprete mais escura em musical

Por Redação
Atualizado em 5 jun 2018, 13h20 - Publicado em 5 jun 2018, 12h35
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  • A pressão de parte do movimento negro para que Dona Ivone Lara fosse vivida, na fase adulta do musical que levará seu nome, por uma intérprete mais escura que a sambista Fabiana Cozza, que acabou por declinar do convite para o espetáculo, levou o neto da grande dama do samba a pedir desculpas publicamente à cantora paulista. Dotada de um vozeirão de respeito e um dos nomes que mantêm o samba vivo hoje no país, Fabiana era amiga pessoal de Dona Ivone e havia recebido as bênçãos da família para embarcar no projeto. Não resistiu, porém, às críticas vindas daqueles a quem chama de “irmãos”. Em um de seus textos no Instagram, André Lara fala em “pré conceito”. Segundo André, o nome de Fabiana Cozza foi escolhido quando Dona Ivone Lara era viva — e ela aprovou. O musical deve estrear no segundo semestre.

    “Minha vó sempre lutou contra o ‘PRÉ CONCEITO’ e suas armas sempre foram a música e o bem”, disse André em um post. Em outro, em que o perfil criado no Instagram para o musical Dona Ivone Lara – Um Sorriso Negro reproduz a carta de renúncia de Fabiana Cozza, André vai além. “Como comparar cor de pele, falando da minha vó?”, questiona, lamentando a situação político-cultural em que se encontra o país.

    “Estamos todos tristes, certos de uma grande perda neste musical. Infelizmente, vivemos nesse país que vive de extremismos e aparências, no qual uma questão que deveria ser ser abraçada por todos infelizmente é manipulada por vias em mãos de pessoas cruéis, que, além de pegar carona, mal sabem da história do negro… seriam estes negros verdadeiros?”, pergunta André.

    “@fabianacozza filha de negro, militante do nosso samba, competência em toda sua história com a música, inclusive em Cuba, país que abriga uma forte história do negro… como comparar cor de pele, falando da minha vó? Logo Dona Ivone Lara.!!!! Será que os outros artistas brancos que estão no elenco serão também criticados pela cor da pele? Por que o artista que fez o Tim Maia no musical não foi duramente criticado pelo mesmo grupo?”, continua.

    Em seguida, André pede desculpas a Fabiana Cozza. “Pedimos imensas desculpas a @fabianacozza por passar por esta situação, pois nós da família temos certeza e convicção de que você cumpriria seu papel com o mesmo encanto e brilho que minha vó demonstrou aqui, quando ainda em vida soube que você seria ela na peça. Até quando viveremos num país assim? Triste na volta de casa por saber dessa notícia…. e confiantes que não critiquem a nova artista que ficará no seu lugar… muito obrigado @fabianacozza e toda produção do #musicaldonaivonelara. André Lara negro, sambista filho de mãe branca, pai negro.”

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    Confira os posts abaixo:

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    Minha vó sempre lutou contra o "PRÉ CONCEITO" e suas armas sempre foram a música e o bem…neste dia vi Ivone Cantar e vi toda poesia pairar no ar #musicaldonaivonelara @andrelarasamba @dona_ivone_lara

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    Fabiana Cozza dos Santos, brasileira Nascimento: 16 de janeiro de 1976 Mãe: Maria Ines Cozza dos Santos, branca Pai: Oswaldo dos Santos, negro Cor (na certidão de nascimento): parda "Aos irmãos: O racismo se agiganta quando transferimos a guerra para dentro do nosso terreiro. Renuncio hoje ao papel de Dona Ivone Lara no musical “Dona Ivone Lara – um sorriso negro” após ouvir muitos gritos de alerta – não os ladridos raivosos. Aprendo diariamente no exercício da arte – e mais recentemente no da academia, sempre com os meus mestres – que escuta é lugar de reconhecimento da existência do Outro, é o espelho de nós. Renuncio porque falar de racismo no Brasil virou papo de gente “politicamente correta”. E eu sou o avesso. Minha humanidade dói fundo porque muitas me atravessam. Muitos são os que gravam o meu corpo. Todas são as minhas memórias. Renuncio por ter dormido negra numa terça-feira e numa quarta, após o anúncio do meu nome como protagonista do musical, acordar “branca” aos olhos de tantos irmãos. Renuncio ao sentir no corpo e no coração uma dor jamais vivida antes: a de perder a cor e o meu lugar de existência. Ficar oca por dentro. E virar pensamento por horas. Renuncio porque vi a “guerra” sendo transferida mais uma vez para dentro do nosso ilê (casa) e senti que a gente poderia ilustrar mais uma vez a página dos jornais quando ‘eles’ transferem a responsabilidade pro lombo dos que tanto chibataram. E seguem o castigo. E racismo vira coisa de nós, pretos. E eles comemoram nossos farrapos na Casa Grande. E bebem, bebem e trepam conosco. As mulatas. Renuncio em memória a todas negras estupradas durante e após a escravidão pelos donos e colonizadores brancos.  Renuncio porque sou negra. Porque tem sopro suficiente dizendo a hora e o lugar de descer para seguir na luta. É minha escuta de lobo, de quilombola. Renuncio pra seguir perseguindo o sol, de cabeça erguida feito o meu pai, minha mãe (branca), meus avós, meus bisavós, tatas… Ao lado de vocês, irmãos." . (…) (Continua nos comentários) 👇

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