O escritor chileno Jorge Edwards, autor do livro Persona Non Grata, que expôs mazelas do governo cubano de Fidel Castro, morreu aos 91 anos na sexta-feira, 17. A morte foi confirmada pelo filho do escrito e foi em decorrência de diabetes. “A doença progrediu e avançou para um estado de saúde que o levou à internação no fim de semana passado e depois, assim que voltou para casa, ele faleceu”, explicou o herdeiro, que também se chama Jorge Edwards. O autor morava em Santiago, no Chile.
Em vida, Edwards era amigo do também chileno Pablo Neruda (1904-1973) e chegou a vencer o Prêmio Cervantes, o mais prestigioso da língua espanhola, em 1999, por Persona Non Grata, obra em que narra sua experiência de ser diplomata em Cuba durante a Revolução Cubana. Na época, o Chile havia acabado de retomar laços com o vizinho latino. Após descobrir uma realidade escondida pela propaganda de Fidel Castro, Edwards deixou o país antes do previsto. No Twitter, o Instituto Cervantes lamentou sua morte. “Perdemos um romancista excepcional, um ensaísta corajoso e um jornalista atento a todas as camadas da atualidade. Sentiremos falta de sua vitalidade e moral elevado”, afirmou.
Nascido em Santiago em 1931, Jorge Edwards estudou Direito na da Universidade do Chile e fez pós-graduação na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos. Se tornou diplomata, servindo também no Peru e na França. Sua última missão diplomática foi como embaixador do Chile em Paris, entre 2010 e 2014, durante o primeiro mandato de presidente do conservador Sebastián Piñera.
Ele também foi o autor de A Origem do Mundo, que conta a história de um casal exilado em Paris após o golpe de Augusto Pinochet (1915-2006) e que se envolvem em um triângulo amoroso com um amigo. O enredo tem inspiração em Dom Casmurro, de Machado de Assis, de quem Edwards era um admirador. O escritor já veio ao Brasil mais de uma vez e relatou ter se hospedado no apartamento de Rubem Braga.