A modelo Christina Engelhardt afirmou, em entrevista à revista The Hollywood Reporter, que manteve uma relação com o diretor Woody Allen aos 16 anos. De acordo com ela, a relação durou oito anos e ela nunca chegou a mencionar sua idade, mas o diretor sabia que ela ainda estava no ensino médio e morava com a família. Desde o primeiro momento, os termos eram ditados por Allen, e a adolescente pouco resistia às imposições.
Duas regras eram absolutas: não se podia discutir o trabalho do cineasta e os encontros só poderiam ocorrer na casa dele, com as cortinas sempre fechadas. “Eu gostava de agradar, de concordar”, contou a modelo. “Sabendo que ele era um diretor, eu não discutia. Meu sentimento era de devoção.”
Segundo Christina, eles se conheceram em um restaurante em Nova York em 1976. Ao sair do banheiro, a modelo deixou um bilhete na mesa de Allen que dizia: “Já que você assinou muitos autógrafos, aqui está o meu”, junto de seu número de telefone. Não demorou para a jovem começar a frequentar o apartamento do cineasta, que tinha 41 anos na época.
A modelo afirmou que Allen costumava trazer outras mulheres para se juntar ao casal com frequência. No entanto, as coisas mudaram quando ele apresentou a atriz Mia Farrow, já famosa na época, como sua namorada – até então, Christina achava que ela era a namorada.
“Eu me senti enjoada. Não queria estar ali e mesmo assim não conseguia ter coragem de ir embora. Ir embora significava acabar com tudo”, escreveu no manuscrito de um livro de memórias, que ainda não foi lançado. Apesar do ciúme inicial, a modelo aceitou a atriz como amiga – elas tinham interesses em comum, como astrologia e animais.
Allen e Mia Farrow se casaram em 1980, quando Christina já havia se mudado para a Europa, e em 1992 o cineasta assumiu um caso com a filha adotiva da mulher, Soon-Yi Previn, se tornaria sua esposa cinco anos depois. “Eu me senti mal por Mia. A última coisa que ele tinha que fazer era tirar algo dela”, disse Christina. “Foi um total desrespeito.”
Christina resolveu revisitar suas memórias da década de 1970 depois de refletir sobre a desigualdade de gênero e o movimento #MeToo, que denuncia casos de assédio em Hollywood (com o nome de Woody Allen sendo presença constante entre as denúncias – o americano é acusado pela filha, Dylan, de abuso sexual).
Mas a modelo garante que não pretende atacar o diretor com a revelação. “O que me motivou é oferecer uma perspectiva. Eu estou falando sobre minha história de amor. Isso me fez ser quem eu sou. Não tenho arrependimentos”, concluiu.