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Marília Mendonça: quem é a mãe da cantora – e gestora de seu legado

Enquanto dona Ruth vive o luto, a expectativa dos fãs e do mercado de música só se aguça: afinal, Marília deixou registradas cerca de 100 faixas inéditas

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 24 Maio 2022, 18h07 - Publicado em 20 Maio 2022, 06h00

“Quando estou com muita saudade, vou lá no armário, dou um abraço na roupa dela e choro”, diz a dona de casa Ruth Moreira Dias. A tristeza é pela falta de uma pessoa imensamente conhecida: mãe da cantora Marília Mendonça (1995-2021), dona Ruth enfrentou a morte da filha de 26 anos, na queda de um avião no interior de Minas Gerais, diante de um país em transe. Pouco mais de seis meses se passaram desde a tragédia — e o luto ainda é presente. A roupa a que se refere é o vestido xadrez que Marília usava quando morreu. A mãe o guarda até hoje rasgado, com manchas de óleo da aeronave — e ainda exalando o perfume usado por Marília.

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Recentemente, no primeiro Dia das Mães sem a filha, Ruth anunciou uma nova forma de espantar a dor: a criação de um canal no YouTube, intitulado Dona Ruth, dedicado a receitas culinárias temperadas com bate-papos entre amigos, projeto que havia bolado com Marília durante a pandemia. Em poucos dias, o primeiro vídeo já havia atingido 440 000 reproduções. “Passei a data com outras mãezinhas, com meu neto Léo, de 2 anos (único filho de Marília), a avó paterna dele e meu filho, João Gustavo. Orei, pedi forças a Deus, fiz uma comidinha boa e recebi o carinho das pessoas”, relembra.

Antes da morte da filha, a rotina de dona Ruth consistia em cuidar da casa da família num condomínio de luxo em Goiânia e tomar conta do neto, enquanto Marília e seu ex-namorado, o também cantor Murilo Huff, estavam na estrada. Logo depois do acidente, Huff comunicou a ela que abriria mão da tutela dos bens da ex — como o único herdeiro da artista é Léo, o pai da criança teria direito a administrar os bens até a maioridade do menino. Segundo Ruth, tal decisão jamais chegou a ser cogitada pelo ex-genro. Já a guarda da criança é compartilhada com ambos. “O Léo tem a família do lado de lá também. Quero que conviva o máximo possível com eles”, afirma.

VIDA EM FAMÍLIA -  Mãe em dobro: em casa com o neto, Léo, e a filha cantora -
VIDA EM FAMÍLIA –  Mãe em dobro: em casa com o neto, Léo, e a filha cantora – (@donaruthoficial/Instagram)

Com essa configuração de responsabilidades definida, Ruth viu sua vida simples ser transformada de forma radical: aos 53 anos, a mulher de origem humilde que vendia coxinhas para conseguir criar os filhos agora tem de se desdobrar como gestora do espólio musical de maior potencial comercial do país na atualidade. “Ainda não sei o que vou fazer”, diz. “Todo dia ainda é dia 5”, completa, indicando que ainda precisa de tempo para processar o acidente que mudou o destino da família em 5 de novembro do ano passado.

“Marília passou por este mundo como um cometa. Foram só seis anos de carreira. Agora eu entendo por que ela foi tão intensa.”

Ruth Moreira, mãe da cantora Marília Mendonça (1995-2021)

Enquanto ela vive o luto, a expectativa dos fãs e do mercado de música só se aguça: afinal, Marília deixou registradas cerca de 100 composições inéditas, e não há nenhuma informação oficial sobre se e quando elas serão lançadas. Desde sua morte, saíram cinco canções com sua voz, todas em parceria. Sabe-se que há ao menos mais três gravações, uma delas com Zezé Di Camargo, ainda no baú. Embora tenha a última palavra sobre um legado milionário, Ruth diz que não se envolverá diretamente: essas questões ficarão nas mãos do escritório WorkShow, que administrava a carreira e continua cuidando das suas músicas e imagem. No WorkShow, porém, também se faz silêncio sobre o assunto.

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Em relação aos objetos pessoais da cantora, Ruth já tem um plano delineado: reservará parte deles para um projeto de caridade e outra, como os instrumentos musicais, para um futuro museu devotado à cantora — ideia que ainda engatinha. Além de guardar a roupa do dia do acidente, ela mantém arrumadinho o quarto de Marília. Conserva, por fim, outro objeto que lhe traz recordações: um dos celulares da artista, que ficou intacto no acidente e armazena milhares de fotos e vídeos dela, além das mensagens que trocava com as amigas.

Recém-casada com o administrador de empresas Deyvid Fabrício, de 30 anos, Ruth diz que a filha havia abençoado o relacionamento deles. Durante o velório de Marília, porém, Deyvid virou alvo de comentários racistas nas redes. Por ser negro e jovem, muitos postaram que ele seria segurança da família. “Não gosto de falar sobre isso, mas já aconteceu muito com a gente esse tipo de racismo”, desabafa. Bem-humorada apesar da tragédia, Ruth explica que a força para resistir vem de sua fé. Evangélica, ela relata que a única pessoa que teve coragem de contar a ela que Marília havia morrido foi uma pastora amiga da família. “Marília passou por este mundo como um cometa. Foram só seis anos de carreira. Agora eu entendo por que ela era tão intensa e tudo tinha de ser rápido”, diz Ruth. Em um fogão a lenha que mandou construir no sítio da cantora só para gravar seu novo programa, ela faz os quitutes que a filha adorava — uma singela forma de homenagem maternal.

Publicado em VEJA de 25 de maio de 2022, edição nº 2790

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