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Marcos Valle: Suingue cultuado

O carioca despontou nos tempos da bossa nova, mas hoje — como provam dois lançamentos — é uma força dançante irresistível para várias gerações

Por Sérgio Martins Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 17 jan 2020, 10h06 - Publicado em 17 jan 2020, 06h00
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  • Dona Liselotte queria que o filho se tornasse músico erudito. Colocou o pequeno Marcos Valle, então com 7 anos, nas aulas de piano. Mas bastou o garoto assistir a um recital no Theatro Municipal do Rio, na década de 50, para que o desejo materno se frustrasse. “O solista desmaiou, só porque tinha errado umas notas”, lembra Valle. O rapaz aprendeu a tocar, porém sua praia se revelou outra. Mergulhando na coleção de discos de jazz e MPB do pai, abraçou com avidez a música popular. Embora tenha ganhado fama como expoente da segunda geração da bossa nova, ele nunca se aquietou no banquinho, tampouco se contentou somente com o violão — que também domina, assim como o acordeão. Valle saltou da bossa à pulsação da soul music e à energia do rock. Surfista diletante, criou até um hino do culto ao corpo. Estrelar, de 1983, traz os indefectíveis versos: “Tem que correr / Tem que suar / Tem que malhar”.

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    O loiro e cabeludo Valle malhou muito como compositor, e sua música correu mundo. Aos 76 anos, o artista carioca é dono de uma discografia que vai da MPB ao rock, do funk à música eletrônica. A versatilidade fez dele objeto de culto de artistas de diversas idades, vertentes e nacionalidades. As novas gerações se rendem à sonoridade dançante dos seus álbuns da década de 70. “O lado do groove sempre foi forte no meu trabalho”, diz. Ele reforça essa marca em dois trabalhos recentes: Sempre, lançado para o mercado internacional em junho de 2019, e Cinzento, disponível desde a sexta-feira 10 nas lojas de discos e nas plataformas de streaming.

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    Valle é autor do clássico bossa-novista Samba de Verão, de 1964, cujos intérpretes vão de Caetano Veloso a Diana Krall. Musicalmente, sempre agregou diferentes estilos, fruto de sua inquietude e até de uma emigração forçada. Na segunda metade dos anos 70, ele se sentia tão desesperançado com o Brasil que se mudou para os Estados Unidos. A guinada revelou-se um golaço: no exterior, Valle colaborou com o grupo Chicago e compôs com Leon Ware, parceiro do astro Marvin Gaye. Na década de 90, foi descoberto por DJs ingleses, que o apresentaram ao ritmo do drum’n’bass.

    Cinzento traz um paralelo com Previsão do Tempo, álbum de 1973 reeditado recentemente em vinil e que falava de um Brasil sufocado pela ditadura. “Eles se assemelham pelo som dançante e pelo clima de quando foram lançados”, diz Valle. A crítica vinha em letras cifradas, como em Flamengo até Morrer: “O resto a gente sabe, mas não diz / E o resto é pau, é pedra, águas de março ou abril”. Hoje, o compositor enxerga uma má vontade obscurantista com os artistas: “Há um azedume contra nós”. Em Cinzento, Valle e seus colaboradores — do rapper Emicida a Bem Gil, filho de Gilberto Gil — apregoam o amor como antídoto ao ódio. Sempre não é tão politizado, porém investe também no soul e no funk. “Sou péssimo dançarino, mas um Fred Astaire para criar temas dançantes.”

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    Valle está no quinto casamento e tem dois filhos. Mas seu rebento mais famoso é, claro, uma canção. Ao lado do irmão Paulo Sérgio Valle e de Nelson Motta, ele criou Um Novo Tempo, tema de fim de ano da Globo. Na carreira do versátil Valle, sempre é um novo dia, de um novo tempo, que começou…

    Publicado em VEJA de 22 de janeiro de 2020, edição nº 2670

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