Kanye West critica famosa abolicionista negra em discurso pela presidência
Em comício, rapper diminuiu ação da ex-escrava Harriet Tubman e afirmou ser contra o aborto, gritando que 'quase' matou a filha
Vestido com um colete a prova de balas escrito “segurança”, o rapper Kanye West voltou a reafirmar sua intenção de concorrer à presidência dos Estados Unidos em um primeiro comício oficial na noite deste domingo, 19, em Charleston, na Carolina do Sul. Assim como seus discursos anteriores, o cantor alternou entre humores, do riso descontrolado a choros compulsivos, e fez declarações confusas e polêmicas. Entre elas, chegou a menosprezar a ex-escrava e abolicionista Harriet Tubman, hoje um símbolo da luta dos negros americanos por liberdade e igualdade.
Inserida na atual polarização americana, Harriet atuou em treze missões de fuga de escravos no século XIX, nos Estados Unidos. Estima-se que ela tenha colaborado para a liberação de centenas de cativos. Para West, porém, Harriet “nunca libertou realmente os escravos, ela apenas fez os escravos trabalharem para outros brancos”.
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Clique e AssineAlém de criticar a abolicionista, Kanye fez um discurso acalorado contra o aborto. Segundo ele, seu pai tentou convencer a mãe a abortá-lo durante a gravidez. “Minha mãe salvou minha vida. Não haveria Kanye West, porque meu pai estava muito ocupado”, disse o músico aos prantos. Logo depois, afirmou aos gritos: “Eu quase matei minha filha! Eu quase matei minha filha!”. Segundo a revista americana US Magazine, Kim Kardashian, socialite e esposa do rapper, teria conversado com Kanye sobre interromper a gravidez da primeira filha, North West, hoje com 7 anos. O cantor ainda afirmou que colocou a relação com Kim em risco quando decidiu que não apoiaria o aborto.
Kanye said this and I left immediately. I went for a laugh and I got one. But when it got disrespectful for me it was over. pic.twitter.com/nNqjUp03mu
— Toe Knee (@toekneerlynos) July 19, 2020
Fiel apoiador do presidente Donald Trump, West interrompeu sua aliança com o republicano em entrevista à revista Forbes no início de julho ao afirmar que se Trump não estivesse concorrendo pelo partido, ele seria um forte candidato para substituí-lo. “Estou tirando o chapéu vermelho com esta entrevista”, disse na ocasião.
Em 2015, Kanye disse, pela primeira vez, que concorreria a presidência durante o prêmio Video Music Awards, exibido pela MTV americana. Na ocasião, ele garantiu que iria se preparar para a corrida de 2020. Em 2018, durante um encontro, para dizer no mínimo estranho, com o presidente Donald Trump, o rapper exibiu um cartaz em que dizia: “Keep America Great #Kanye2024” (Mantenha a América ótima), insinuando uma possível continuação do governo Trump com ele no poder, em 2024. Kanye, porém, mudou de ideia e voltou novamente seus olhos para o palanque em 2020.
Com o apoio do bilionário da indústria de tecnologia Elon Musk, o rapper diz que já tem um nome para a vice-presidência e se afiliou ao partido independente “BDY”. Analistas políticos dizem que a candidatura de Kanye pode prejudicar o candidato democrata Joe Biden, ex-vice presidente de Barack Obama, na briga por votos de negros americanos — o que pode beneficiar Trump na corrida presidencial deste ano.