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Jô Soares a Porchat: ‘Artista não tem que ter filiação partidária’

Fora da Globo, Jô gravou entrevista nesta segunda-feira na sede da Record, em São Paulo -- vai ao ar nesta quarta-feira, 18 de abril

Por Estadão Conteúdo
Atualizado em 17 abr 2018, 11h26 - Publicado em 17 abr 2018, 11h15

Foi uma surpresa quando o nome do apresentador e diretor Jô Soares foi anunciado como convidado do Programa do Porchat, do humorista Fábio Porchat. Afastado da TV depois de dezesseis anos no comando de um talk-show próprio, Jô gravou entrevista nesta segunda-feira na sede da Record, em São Paulo — vai ao ar nesta quarta, 18. Sem contrato com a Globo, o “gordo”, como é chamado, falou de seus projetos nos palcos após deixar o Programa do Jô, que rendeu mais 15 000 entrevistas, e sobre política, ditadura e humor.

No início, Porchat relembrou sua participação no programa de Jô na Globo, onde teve seu talento revelado ao ser convocado da plateia e apresentar um número no palco. “Mandei um texto e o Jô me chamou para falar no palco. Aquilo mudou minha carreira”, contou, emocionado. Entre tantos convidados, Jô comenta que o único que se negou a dar entrevista foi o apresentador Silvio Santos, seu ex-patrão. “Ele contava que teve um encontro com uma cigana, que afirmou que ele morreria se desse entrevista para alguém. É claro que é mentira”, diverte-se.

Ele também contou que alertou Caetano Veloso e Gilberto Gil durante a ditadura. “Tive acesso a uma lista e liguei para eles. Tempos depois, foram presos em Realengo. Quando ouvi a música Aquele Abraço, percebi a dimensão disso.”

Sobre esse período, Jô fala que precisou montar guarda no Teatro Oficina enquanto os artistas se apresentavam. “Ficamos na porta, com Plínio Marcos, mas a gente sabia que não ia segurar a censura.” Para ele, a grandeza de um artista é ser anarquista. “Não tem que ter filiação partidária.”

Entre os amigos, ele lembrou com carinho de Ronald Golias, com quem fez Família Trapo. “O que Golias tinha de talento tinha de insegurança. Essa é a condição de nós, artistas. A gente pode se preparar e ter algum controle, mas a insegurança vai existir.” Jô também confessou que nunca se interessou com números de audiência. “Vinham me contar, mas nunca quis saber. Sempre me preocupei com a qualidade.”

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Jô pretende estrear nos palcos, em maio, o espetáculo A Noite de 16 de Janeiro, que leva no título a data de seu nascimento. A peça é um julgamento que terá Jô como o juiz e a plateia como jurado. A cada sessão, haverá um final: com o réu culpado ou absolvido. “O sujeito lembra esses especuladores, como o Odebrecht”, diz.

E, na liberdade de fazer humor, Jô afirma que “o politicamente correto é uma bobagem”. “Um dia será isso; amanhã, será outra coisa.”

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