Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Home office: o desafio de trabalhar distante da empresa

A solução é o modelo híbrido, que deve ser adotado pela maioria das empresas no pós-pandemia

Por Sabrina Brito Atualizado em 23 abr 2021, 13h23 - Publicado em 22 abr 2021, 19h31

A verdade é que as empresas esperavam por este momento: o dia em que o teletrabalho seria tão corriqueiro quanto pegar um ônibus. Elas já sabiam que poderiam economizar muito com aluguel e energia, mas ainda pairavam dúvidas em relação à produtividade — se aumentaria, diminuiria ou permaneceria a mesma. A pandemia parece ter acelerado o processo e respondido a algumas questões. Estudos de múltiplas consultorias nacionais e internacionais mostram que, enquanto a ocupação de lajes corporativas caiu em 40%, a produtividade tomou caminho contrário, subindo em média 50%. Resta agora saber se a melhoria no desempenho será permanente ou apenas um efeito colateral do medo que as pessoas têm de perder o emprego na crise. E mais relevante: descobrir como ficará a saúde mental dos funcionários no distanciamento.

Segundo pesquisa recente da consultoria de recrutamento Robert Half, 92% dos colaboradores são favoráveis ao trabalho remoto, tendo o modelo híbrido (parte em casa, parte no escritório) como o preferido. Ainda que as companhias estejam alinhadas com esse desejo, há um lado do home office potencialmente sombrio que não pode ser ignorado: os efeitos deletérios sobre as pessoas. Se, por um lado, o profissional rende mais afastado das distrações inerentes ao convívio social, ele fica à mercê de outros transtornos. Um levantamento da Royal Society for Public Health, instituição britânica dedicada à saúde, revelou que 67% das pessoas forçadas a fazer home office reportaram queda de empatia com os colegas, enquanto 37% relataram distúrbios de sono.

“Os problemas podem ir além da solidão e do burnout, o esgotamento físico e mental ocasionado por excesso de tarefas”, diz Eliseu Urban, sócio da Valuing, empresa de treinamento de executivos. “Já foram relatados falecimentos não relacionados à Covid-19, brigas em teletrabalho e até uma aparente tentativa de suicídio.” Urban também pontua que, por esses motivos, as empresas estão oferecendo ajuda psicológica aos funcionários, além de aproximá-los dos gerentes-seniores. “A saúde mental das equipes passou a ser prioridade dos RHs”, afirma o especialista.

Arte Home Office

A postura assumida pelas grandes empresas confirma a percepção das consultorias. A Johnson & Johnson instituiu um modelo que incentiva os profissionais a se desconectar uma sexta-feira por mês para relaxar. A Heinz, além de oferecer auxílio financeiro para o home office, tem bloqueado as manhãs de segunda-feira a fim de permitir que as pessoas se organizem para a semana sem ter de se preocupar com isso no domingo. A BR Distribuidora optou por oferecer atendimentos virtuais de medicina e psicologia. O fundo Aqua Capital, de agronegócio, foi além: busca entender quais empregados podem estar próximos do burnout para impedir que aconteça. A Cielo passou a oferecer apoio contra ansiedade e depressão. Caminho semelhante percorrem a companhia de tecnologia VTEX, a ArcelorMittal, líder mundial na produção de aço, e outros gigantes de diversos segmentos, como Braskem, Roche, PepsiCo e Royal Canin.

Continua após a publicidade

A opção pelo modelo híbrido, em vez do home office integral, não se deve apenas à melhoria da dinâmica de trabalho. Há uma preocupação genuína dos RHs com a conexão entre os funcionários e a empresa. É interessante diminuir o desembolso com a locação de espaços, mas igualmente importante manter algum contato para avaliar as condições físicas e mentais dos colaboradores. Mas trata-se de um movimento irreversível. Muitas companhias estão abordando nos seus contratos profissionais novas regras para o teletrabalho, como o fornecimento de equipamento, cadeiras e mesas ergonômicas, concessão ou cancelamento de benefícios e adequação de jornada.

Nos últimos meses, as boas empresas têm, de fato, se esforçado para cumprir esses requisitos, e a maioria delas certamente chegará a um modelo que seja adequado para o negócio em si e para a qualidade de vida dos colaboradores. “É um caminho sem volta, em que todas as partes têm de se ajustar”, diz Carlos Marui, sócio-diretor da Tredici, empresa especializada em recursos humanos. Superada a crise do coronavírus, o mercado precisará agir para evitar outra pandemia — a de colapsos emocionais. Felizmente, isso já vem sendo feito.

Publicado em VEJA de 28 de abril de 2021, edição nº 2735

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.