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Guerra das cunhadas

Kate e Meghan disputam o mesmo holofote e, dizem as más línguas, vivem às turras. Mas, cada qual com seu estilo, empatam quando o assunto é elegância

Por Carol Zappa
Atualizado em 30 jul 2020, 19h58 - Publicado em 18 jan 2019, 07h00

Morar em palácio, viajar em alto estilo, não precisar mover uma palha e, ainda por cima, vestir uma roupa nova — e espetacular — a cada vez que sai de casa. Descrito assim, parece conto de fadas, mas que ninguém se engane: ser mulher de príncipe da Inglaterra não é nenhum passeio de carruagem. Que o digam as cunhadas mais famosas do planeta, Kate, a duquesa de Cambridge, e Meghan, a duquesa de Sussex, que atualmente, segundo os tabloides ingleses, se engalfinham em uma rixa ferrenha por proeminência na família real. Rixa ou não, o fato é que as duquesas, praticamente siamesas na pose, no porte, no sorriso, no aceno e até no jeito de se inclinar para falar com as criancinhas, precisam dispor de algum recurso que as distinga uma da outra — e o mais usado, com altíssima dose de competência mútua, tem sido o estilo.

Kate, de 37 anos, mulher do príncipe William, o segundo na linha de sucessão, embala sua elegância com vestidos e casacos modernos que, no entanto, não se desviam muito do clássico, joias ofuscantes, muito salto agulha, maquiagem carregada e segurança no andar e nos gestos de quem está há uma década na berlinda e nunca escorregou. Casou-se vestindo um modelo rendado de Alexander McQueen que era cópia quase exata do vestido de Grace Kelly, em 1956. Passa sempre a impressão de mulher muitíssimo bem-arrumada.

SURPREENDENTE – Meghan no casamento e grávida: mais pele à mostra (Ben Stansall/AFP - Jeff Spicer/BFC/Getty Images)

Meghan, também de 37 anos, casada com o príncipe Harry, o sexto da fila (ou seja, praticamente fora da fila), transborda sofisticação em tons sóbrios, detalhes assimétricos, terninhos bem cortados, roupas justas, ombros à mostra, joias discretas e maquiagem leve. Entrou na igreja de Givenchy com decote canoa, mostrando mais ombro que todas as suas antecessoras. É o retrato da mulher que sabe até onde o ousado é chique e vai até o limite.

O empate honroso no quesito elegância não impede uma competição acirrada que faz com que as cunhadas, que nunca foram amigas, se afastem cada vez mais — de novo, a se crer nos relatos de “fontes confiáveis” aos onipresentes tabloides. Os dois casais hoje em dia são vizinhos no Palácio de Kensington, uma espécie de condomínio fechado da nobreza fincado na movimentada região do Hyde Park, em Londres, onde Kate e William ocupam a melhor mansão, de 22 cômodos e jardim privativo. Mas vão colocar 40 quilômetros de distância entre si quando Harry e Meghan se mudarem para Frogmore Cottage, uma propriedade de dez cômodos dentro dos muros do Palácio de Wind­sor que está sendo totalmente reformada. Vários motivos são citados: privacidade, segurança, espaço para criar o bebê que vai chegar no fim de abril. O principal, no entanto, seria aplacar os ânimos entre as cunhadas, estressados a ponto de afetar a relação entre os dois irmãos. “Ser cunhadas não quer dizer que precisem ser amigas próximas”, contemporiza a inglesa Claudia Joseph, especialista em família real. “Acredito até que o gosto de Meghan pelos holofotes alivia a pressão sobre Kate”, disse ela a VEJA.

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Meghan, espalham os fofoqueiros do palácio, é geniosa, mandona — enfim, “difícil” — e está tendo problemas para se conformar com o protocolo que define como deve se portar e, pior ainda, a impede de manifestar qualquer opinião. Nascida nos Estados Unidos, filha de mãe negra, divorciada e atriz de série de TV, até se casar ela ganhava o próprio dinheiro (nada que resvale de leve na fortuna de que dispõe agora), mantinha um blog nas redes sociais e defendia causas como feminismo e proteção aos animais. “Meghan entrou para a família mais tradicional do país. É difícil adaptar-se. A princesa Diana foi criada em uma casa do tamanho do Palácio de Buckingham e mesmo assim não deu conta”, opina o ex-mordomo Paul Burrell, que serviu durante anos a infeliz mãe de William e Harry e escreveu um livro sobre ela.

Diana também teve sua cunhada para ser comparada, a maluquete Sarah Ferguson. Mas Sarah nunca levou muito a sério sua função real e não representou ameaça à mulher do futuro rei da Inglaterra (se a rainha cumprir a sua parte). Agora, a situação é bem diferente. Linguarudos da intimidade real contam que Kate, que aguenta todo tipo de provocação (e aguentou muitas no início, plebeia que é, filha de milionários que começaram com pouco), já caiu no choro por causa de Meghan. Tanto se falou na crise interna que o gabinete de comunicação dos príncipes publicou um desmentido formal. No Natal, em uma bem ensaiada demonstração de que tudo vai bem no reino, Kate e Meghan desfilaram lado a lado na ida para a missa, conversando como se tivessem uma infinidade de assuntos em comum. Por outro lado, rebate a rádio-valete, na festinha íntima montada para o aniversário de Kate, no dia 9, Harry e senhora não foram convidados.

ELEGÂNCIA SEGURA – Kate em três tempos, em dezembro: salto alto, saia e jeans com a desenvoltura de quem se apresenta em público há uma década (Chris Jackson/Getty Images - Samir Hussein/WireImage/Getty Images)

A duquesa de Sussex noivou em novembro de 2017, casou-se em maio passado e por um certo tempo usufruiu a agradável posição de queridinha dos súditos. Mas seu prestígio perdeu muitos pontos nos últimos tempos, em grande parte devido à lista de “defeitos” alimentada dia sim, dia também pelas fontes sem nome nem sobrenome dos tabloides. Contribui também para isso a família disfuncional que ficou nos Estados Unidos: pai que vende fotos de si próprio a paparazzi e do álbum de família à imprensa, meio­-irmão que aconselhou Harry a escolher outra noiva e uma meia-irmã tão obcecada em maldizer Meghan que foi posta na lista de “pessoas de risco” da Scotland Yard. Nenhum deles foi ao casamento, no qual só estava a mãe, Doria Ragland, professora de ioga até agora discreta e indiferente às tentações contidas na nova vida da filha.

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OUSADIA CHIQUE – Meghan em turnê oficial: listras em Tonga, o chapeuzinho fascinator em Fiji e simplesinha, de jeans e botas, na Nova Zelândia (Dominic Lipinski/Getty Images - Andrew Parsons/Getty Images - Samir Hussein/WireImage/Getty Images)

Também não fez bem à imagem da nova duquesa um levantamento sobre os gastos das duas cunhadas com roupas, sapatos e bolsas de 1º de janeiro a 31 de dezembro do ano em que se casaram. Kate contabilizou 55 500 libras (265 000 reais) em 2011. Meghan, neste ano, torrou 431 000 libras (2 milhões de reais), oito vezes mais que a cunhada — tudo bancado por Charles, pai dos príncipes e responsável por acertar as contas do closet oficial da família. Não é só por ser gastadeira (e pelo jeito ela é) que Meghan compra tanta roupa — vestir-se muitíssimo bem, por seu papel na família, tornou-se obrigação. Prazerosa, com certeza, mas obrigação. Kate vai um dia ocupar o trono ao lado do rei, e precisa desde sempre se comportar como tal. “Ela precisa andar elegantemente mais coberta”, explica a estilista inglesa Rochelle White. Já a mulher do príncipe Harry, por ser dispensada do excessivo cuidado com o decoro, pode e deve mostrar mais, refrescando o estilo real sem perder a classe. “Nela se aceita uma forma mais relaxada de encarar a moda”, diz Rochelle.

Vêm daí as, digamos, infrações que Meghan já se permitiu, como não usar meia-calça nos primeiros compromissos (item obrigatório para as royals quando vestem saia, que ela ultimamente vem adotando), cruzar as pernas (só é autorizado na altura do tornozelo) e exibir-se de pantalona ou saia de couro. Recentemente, compareceu a uma entrega de prêmios, no quinto mês de gravidez, com um longo bem justo de um ombro só preto, a cor que a nobreza raramente usa fora das ocasiões de luto. Kate nunca vestiu algo assim quando estava grávida. A seu favor, não passava o tempo todo com os braços envolvendo a barriga — gesto que já foi fofo, mas hoje é motivo de memes e manifestações de irritação nas redes sociais. “As expectativas em torno da duquesa de Sussex são muito altas. O público espera que ela lidere o caminho para o futuro sem desrespeitar a realeza de hoje”, afirma outra especialista no assunto, Jess Cartner­-Morley. “Queremos que as mulheres da família real sejam humanas e modernas, o que é um avanço. Mas continuamos desejando que sejam perfeitas”, acrescenta. Assim, fica difícil ser feliz para sempre.

Publicado em VEJA de 23 de janeiro de 2019, edição nº 2618

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