Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

“Grata surpresa”, diz diretor de ‘Marte Um’, escolha do Brasil para Oscar

Aos 34 anos, Gabriel Martins diz que o fato de um filme independente voar alto é um marco para a produção nacional

Por Camille Mello Atualizado em 4 jun 2024, 11h41 - Publicado em 15 out 2022, 08h00

Tomou um susto ao saber que seu primeiro longa-metragem-solo foi escolhido para representar o Brasil no Oscar? Foi uma grata surpresa. Acho que essa indicação embute um avanço para o cinema brasileiro: é um sinal de que filmes independentes, produzidos com pouco dinheiro, mas embalados por uma história tocante, estão ganhando espaço e podem chegar longe.

Foi duro rodar o filme com orçamento baixo? Como os recursos vieram de um edital público, o tempo de filmagens foi apertado — apenas seis semanas — e não havia margem para contratempos. Sorte que não choveu em dias de gravação. A distribuição de uma película independente é outro desafio. Para conquistar salas de cinema e permanecer em exibição é preciso atrair muito público nas primeiras semanas. Felizmente, estamos com números de bilheteria excelentes.

Conquistar a tão concorrida estatueta dourada é uma ambição? Para ser honesto, nunca me imaginei com ela nas mãos. Mas só a perspectiva de estar na corrida do Oscar fez crescer o interesse pelo filme, lotando as salas — este um sonho já realizado.

Há traços autobiográficos no enredo, que conta a história de um menino que sonha viajar a Marte, egresso de uma família na batalha pela sobrevivência? Como Deivinho, que quer ser astrofísico, desde os 8 anos eu era fascinado pelos bastidores do cinema, vindo da mesma periferia de Belo Horizonte retratada na tela. Incentivado por meus pais, também fui atrás de uma trilha de mais oportunidades, além das que se apresentavam ao meu redor. Tinha o desejo de mostrar esse mundo onde cresci e que não paro de observar.

Como encontrou o talentoso Cícero Lucas, que vive o sonhador protagonista? Cícero é um percussionista genial, e o conheci em uma roda de samba. Minha esposa olhou para ele, então com 11 anos, e disse: ‘Parece o Deivinho do seu roteiro’. Dois anos depois, o convidei para o papel.

Continua após a publicidade

Quais ingredientes, em sua opinião, fizeram do filme um fenômeno? O espectador se identifica com o afeto que envolve aquela família e se interessa em ver pessoas negras representadas de forma diferente, menos estereotipada. Elas não são identificadas com a violência, mas com sonhos grandes, como um dia — por que não? — viajar a Marte.

Como é fazer cinema no Brasil de hoje? Cinema brasileiro depende de dinheiro público, e o setor audiovisual passa por uma fase complicada, de falta de investimentos. Apesar dos obstáculos, porém, meu filme só foi possível porque obtive financiamento do primeiro edital destinado a cineastas negros, o que considero uma vitória histórica. Apesar dos entraves, tenho fé no movimento de reconstrução das políticas do cinema brasileiro.

Publicado em VEJA de 19 de outubro de 2022, edição nº 2811

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.