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“Fui marcada na pele”, diz vítima de seita sexual americana em ‘Seduced’

A série documental conta a história perturbadora de India Oxenberg, beldade de origem nobre que virou escrava sexual de um grupo nos Estados Unidos

Por Felipe Branco Cruz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 3 nov 2020, 18h50 - Publicado em 30 out 2020, 06h00

India Oxenberg foi criada em uma redoma dourada em Hollywood. A americana de 29 anos sempre viveu em Los Angeles, mas ostenta sangue azul: sua família descende de uma casa real europeia (a da Sérvia). A mãe, a atriz Catherine Oxenberg, atraiu mais holofotes para o clã graças a um papel no extinto seriado Dinastia. Há dez anos, quando tinha 19, India desejava sair do ninho privilegiado para investir em uma ambição: tornar-se chef de cozinha. Com o empurrão da mãe, buscou então o auxílio de uma organização de coaching chamada NXIVM (ou Nexium). A empresa prometia tornar as pessoas felizes e bem-sucedidas por meio de uma técnica de “reprogramação mental”. “Eu estava vulnerável e em um período de transição da minha vida, aberta a esse tipo de mensagem”, disse India a VEJA por videoconferência, ao lado de Catherine. Os detalhes chocantes do que aconteceria em sua vida a partir daí são narrados em Seduced: Inside The NXIVM Cult, minissérie documental que estreia no Brasil em 15 de novembro, no StarzPlay. Os cursos “para executivos” eram fachada da hoje notória “seita sexual”, que arregimentava mulheres para um sórdido esquema de abusos físicos e mentais. “Você só percebia estar em uma seita quando já era tarde demais”, relembra ela.

VILÃO – Keith Raniere: guru monstruoso pegou 120 anos de cana – (./Reprodução)

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Seduced chega ao streaming em todo o mundo no calor de um lance decisivo na luta de India e outras vítimas por justiça. No ano passado, um tribunal americano já havia condenado o fundador e perpetrador dos abusos da NXIVM, Keith Raniere. Mas, em razão da pandemia, apenas na terça passada, 27, saiu sua sentença: 120 anos de prisão. A máquina de lavagem cerebral montada pelo guru de 60 anos é perturbadora (e foi dissecada recentemente também na série The Vow, da HBO). A organização tinha sede em Albany, no estado de Nova York, mas atraía alvos potenciais em Hollywood. Eram, em geral, aspirantes à carreira de atriz ou gente que batalhava em outras funções no cinema. Uma vez iniciadas, as pessoas passavam por provas de fogo de “evolução” pessoal — até obter o direito de conhecer Raniere. Com visual nerd e fala mansa, o guru lastreava suas promessas de redenção num currículo (furado, claro) que o celebrava como suposto gênio das ciências exatas. A NXIVM, aliás, vendia a ilusão de que seus métodos eram baseados na matemática e na psicologia, não no misticismo. Na verdade, era um culto insidioso.

Depois de cooptadas, as mulheres que mais se destacavam, especialmente as ricas e famosas, eram convidadas pela atriz Allison Mack, conhecida por atuar na série Smallville, a fazer parte de um subgrupo chamado DOS, legenda em latim para dominus obsequious sororium (“mestre das companheiras femininas obedientes”). Daí vinha o bote sádico: elas eram marcadas a ferro quente com as iniciais de seu líder. “Fui a primeira mulher no meu grupo de escravas a ser marcada na pele. O cheiro do ferro da cauterização queimando minha carne foi tão intenso que tomou conta do lugar”, narra India na série de quatro episódios. Em 2017, por esforço da mãe dela, a seita virou tema de uma reportagem no The New York Times, o que levou à prisão de Allison, acusada de tráfico sexual. Raniere fugiu para o México, mas foi extraditado para os Estados Unidos. “Tinha medo, pois não sabia de onde poderia vir a próxima ameaça. Mas, como mãe, tenho de proteger meus filhos”, diz Catherine.

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REALEZA - India (à dir.) com a mãe e a avó, a princesa Elizabeth: dinastia sérvia – (Starz Entertainment/.)

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Raniere comandava um pesado esquema de intimidação. Em Seduced, India explica que se deixou envolver a ponto de entregar documentos, fotos e vídeos comprometedores. Em cenas reveladas no programa, o guru surge normalizando o estupro, o abuso sexual de menores e a violência. “Ele é um homem perigoso e gosta de machucar as pessoas. Mas precisava enfrentá-lo, pela minha paz e pelas amigas que também foram abusadas”, afirma India. Enfim, fez-se justiça.

Publicado em VEJA de 4 de novembro de 2020, edição nº 2711

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