Teve jornalista que ficou irritado ontem com a performance de Joaquin Phoenix na entrevista coletiva de Don’t Worry, He Won’t Get Far on Foot, de Gus Van Sant, apresentado na competição do 68º Festival de Berlim. Fanfarrão ou marqueteiro, ou ambos, o ator americano, que interpreta o cartunista John Callahan no ótimo longa, pouco se esforçou para responder a perguntas e disse não ter nada a dizer sobre a importância dos silêncios em sua atuação. “Parece uma pergunta muito incrível, de festival, e eu não estou tirando uma da sua cara, mas é que realmente não sei o que dizer, nem penso nisso”, afirmou.
Phoenix, na verdade, é conhecido por não ser exatamente um fã de entrevistas, obrigatórias num festival de cinema desse porte. Em 2012, no Festival de Veneza, onde apresentou O Mestre, de Paul Thomas Anderson, ficou resmungando fora do microfone e chegou a sair, teoricamente para fumar. Mas acabou voltando.
Num evento de imprensa do filme Ela (Her), de Spike Jonze, com presença da reportagem, também quase não falou, a não ser para reclamar de uma ou outra pergunta. Mas, na entrevista individual, estava interessado.
No Festival de Cannes do ano passado, ao ser apresentado na coletiva de You Were Never Really Here, de Lynne Ramsay, reagiu quando o apresentador disse que ele tinha estado no evento com Um Sonho sem Limites: “Foi em Cannes?”. Mas depois, na mesa ao lado da diretora, estava bem-humorado e animado ao falar sobre o filme e o processo de rodagem.
Dias depois, ao ganhar o prêmio de melhor ator, pareceu não entender por alguns minutos, mostrando-se realmente surpreso quando subiu ao palco.
E vale lembrar que, há quase dez anos, Joaquin Phoenix causou espanto ao conceder uma esquisitíssima entrevista ao apresentador americano David Letterman, ainda em atividade. No dia 29 de fevereiro de 2009, Phoenix sentou na bancada do talk show apresentado por Letterman, logo após anunciar a aposentadoria da carreira de ator e o início de uma improvável carreira de rapper. Phoenix não respondeu a nenhuma pergunta com alguma resposta que fizesse sentido (veja vídeo abaixo). Barbudo, de cabelos compridos e óculos escuros, Phoenix dava ali o pontapé inicial da jornada de demência intitulada de I’m Still Here, documentário dirigido por seu cunhado, o também ator Casey Affleck e lançado no Festival de Veneza, que acompanha a pretensa carreira do ator no hip hop.