O youtuber Felipe Neto anunciou que distribuirá gratuitamente mais de 14 mil livros com temática LGBT durante a Bienal do Livro no Rio de Janeiro a partir do próximo sábado, 7 de setembro.
As publicações, que foram compradas na própria Bienal, serão envolvidas em plástico preto com um adesivo: “Este livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas.”
Publicações como Confissões de Um Garoto Tímido, Nerd e (Ligeiramente) Apaixonado, de Thalita Rebouças, Arrase!, de RuPaul e O Mau Exemplo de Cameron Post, de Emily M. Danforth devem estar entre os cerca de 14 mil exemplares que serão empilhados na praça central da Bienal e serão entregues ao público por uma promotora de vendas. O youtuber não estará presente na entrega.
“A ideia foi minha, nascida de um absurdo que a gente está experimentando e vivenciando quase todos os dias no governo brasileiro como um todo. Foi uma resposta a essa intolerância. Num mundo onde a gente precisa incentivar cada vez mais a diversidade, o amor e a aceitação, nós temos líderes políticos e religiosos no Brasil lutando pelo oposto, pelo autoritarismo, pelo excesso de regras baseadas no próprio conceito de moral e não no amor e na aceitação”, explicou.
A decisão foi tomada após o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB) ter determinado o recolhimento de um livro dos Vingadores com personagens homossexuais por suposto “conteúdo sexual para menores” na quinta-feira, 5.
Fiscais da Secretaria Municipal de Ordem Pública do Estado estiveram na Bienal do Livro do Rio no início da tarde desta sexta-feira, 6, e foram vaiados por parte do público.
Porém, os fiscais não encontraram nenhum exemplar do livro, pois em cerca de 40 minutos após a abertura do evento a HQ Vingadores – A Cruzada das Crianças já havia se esgotado.
Segundo o youtuber, serão disponibilizados apenas “livros que tenham como pauta a diversidade, aceitação e o LGBT como uma coisa natural da humanidade.”
“Sejam personagens protagonistas LGBT, histórias de superação, histórias reais, sempre voltado para que, quem leia, leia uma história que tenha a pauta da diversidade como algo absolutamente natural da humanidade”, prossegue.
Questionado sobre a possibilidade de represálias por parte do público, Felipe respondeu: “Se alguém quer ter algum tipo de represália contra histórias de aceitação, de amor, realmente essa pessoa tem muito ódio dentro de si.”
“Não imagino que as pessoas vão ficar contra livros serem distribuídos gratuitamente para a sociedade. Num país onde a gente precisa aumentar e incentivar a leitura e o consumo de livros, acho que é uma ação onde só tem coisas positivas acontecendo. Se alguém enxergar algo negativo nisso, acho que essa pessoa precisa buscar ajuda”, conclui.