Numa cena surreal do filme Moby Doc, você trava um diálogo filosófico com a Morte. Tem medo dela? A verdade mais básica é que tudo aquilo que já foi vivo nos últimos 3 bilhões de anos morreu ou vai morrer. Mesmo assim, isso é parte assustadora da nossa vida. Faz sentido para mim pensar na morte em vez de fingir que ela nunca vai acontecer.
A depressão e o vício em drogas o levaram a cogitar o suicídio. Como superou tais problemas? Por um longo período, pensei de fato em suicídio. Eu não era saudável. Havia a depressão, a ansiedade e a frustração. Estou muito grato por não ter tido sucesso nisso. Acho a vida fascinante. Aceito a morte, mas não estou pronto para ela. Percebi que, para me manter vivo, eu precisava ser saudável. Estou sóbrio há treze anos.
No filme, você diz que a amizade com David Bowie foi uma das coisas mais incríveis que aconteceram em sua vida. Por quê? Em 2000, descobri que éramos vizinhos. Ficamos amigos. Passamos férias juntos. Fizemos turnê juntos. Foi estranho e maravilhoso ser amigo do maior músico de todos os tempos. Na minha cabeça, foi como se Deus se mudasse para a minha rua e eu pudesse tomar café com ele.
David Lynch é parte importante do seu doc. Sua vida daria um filme estranho como os do cineasta? A questão é: qual filme dele? Hoje, eu acordo às 6 e vou dormir às 22. Faço caminhadas e ioga. Sou tão chato… Se fosse há quinze anos, diria que minha vida poderia ter sido o filme Veludo Azul.
Você declarou que não haveria pandemia se o mundo fosse vegano. Como assim? A razão para eu ser vegano é que respeito os animais e não quero causar sofrimento. Pandemias surgiram de animais que tiveram seu habitat destruído. Se não invadíssemos esses lugares, a ameaça dos vírus seria reduzida.
Publicado em VEJA de 26 de maio de 2021, edição nº 2739