Nos últimos dez anos, Michael Fassbender consagrou-se como um dos maiores atores de sua geração, um camaleão capaz de fazer um ativista irlandês em greve de fome (Hunger, 2008), um viciado em sexo (Shame, 2011) ou um fazendeiro violento e obcecado com uma de suas escravas (12 Anos de Escravidão, 2013, pelo qual concorreu ao Oscar de coadjuvante), para ficar só nos filmes que rodou com o cineasta inglês Steve McQueen. Mas ele também foi de Carl Jung para David Cronenberg (Um Método Perigoso, 2011) a Magneto, na série X-Men, e Steve Jobs no longa de Danny Boyle, pelo qual disputou seu segundo Oscar.
Aos 40 anos, o alemão criado na Irlanda confessa que prefere os personagens depravados. “É bom ter material para trabalhar”, diz em entrevista ao site da VEJA. “Mas está na hora de fazer uma comédia!”, completa, rindo. Não sem antes sair de férias, o que ele promete fazer em breve. “Vou relaxar, surfar, pilotar, ler.”
Em Alien: Covenant, Fassbender trabalha pela terceira vez com Ridley Scott, depois de Prometheus (2012) e O Conselheiro do Crime (2013). O novo filme é uma continuação do longa de 2012 e começa a juntar os pontos entre a produção anterior e Alien – O 8º Passageiro (1979), clássico da ficção científica dirigido por Scott. O ator aparece em dose dupla: repete seu personagem David, de Prometheus, um robô com características bastante humanas, e interpreta Walter, uma nova versão de inteligência artificial, dez anos mais tarde, com aprimoramentos. “David tem ambiguidade, às vezes parece capaz de ter emoções humanas. É um protótipo, há muita coisa experimental com ele”, diz Fassbender. Mesmo vivendo dois androides, o ator consegue oferecer nuances suficientes para diferenciá-los.
Walter está a bordo da nave Covenant, que leva uma população de 2.000 pessoas, formada majoritariamente por casais, para colonizar um novo planeta. Depois de um incidente que acorda a tripulação em suas cápsulas de crio-sono e causa perdas, o novo comandante, Oram (Billy Crudup), que não parece muito qualificado para a posição, resolve fazer uma parada em um planeta próximo – ninguém está disposto a voltar para o crio-sono por mais alguns anos até chegar ao destino original. De natureza exuberante, mas nenhum sinal de animais, o lugar desvenda o que aconteceu após Prometheus, retomando, porém, o clima de terror do Alien original – com direito, claro, a monstros cheios de dentes. A protagonista do filme é Daniels (Katherine Waterston, a Tina Goldstein de Animais Fantásticos e Onde Habitam), que precisa se livrar do trauma para enfrentar o novo mundo.
Enquanto não se dedica de vez às suas férias, Michael Fassbender conversou sobre inteligência artificial e como foi a experiência de contracenar consigo mesmo em Alien: Covenant. Confira no vídeo abaixo: