Fabrício Boliveira é um dos poucos atores negros da novela Segundo Sol, da Globo, e o de papel mais destacado no folhetim. Antes mesmo de estrear, a trama de João Emmanuel Carneiro — que se passa na Bahia — foi notificada pelo Ministério Público pela falta de representação racial, especialmente por se passar em uma cidade tão plural quanto Salvador, que não retrata com fidelidade. “Foi um sinal dos tempos. A novela pintou a Bahia de um jeito, e a população notou que aquele retrato não condizia com a realidade”, cravou o ator em entrevista a VEJA.
Para ele, faltam papéis centrais para negros no cinema e na televisão. “É uma questão de identidade do país. O movimento negro está crescendo, as pessoas estão mais preparadas para ter essa discussão e as obras precisam estar abertas ao diálogo”, comenta. “Até o Oscar está falando em representatividade, por que o Brasil, um país formado majoritariamente por negros, vai ficar para trás?”
Na trama das 9, Boliveira interpreta Roberval, um filho de empregada que virou milionário. Ele é fruto do caso extraconjugal da mãe, a doméstica Zefa (Cláudia Di Moura), com o patrão, o magnata corrupto Severo (Odilon Wagner), que o enjeitou como filho e o contratou como motorista da família. Do caso, nasceu também Edgar, (Caco Ciocler), que, por ser branco, foi entregue à estéril Claudine (Cássia Kiss), esposa do patrão, e criado como filho legítimo do casal.
Com Roberval, Boliveira espera contribuir para a discussão do racismo no país. “O Roberval discute diretamente condição servil do negro no país, viciado pela escravidão”, reflete o ator. “Toda a condição dele, desde o pai que o abandonou e a mãe que escolheu o irmão branco para viver no conforto e deixou ele naquele trabalho servil por causa de sua cor, incitam essa discussão.”
Fabrício Boliveira também está em cartaz com o filme Além do Homem. Confira o trailer: