Os sertanejos dominam o mercado musical há anos, e agora podem dominar também as festas de São João, costumeiro reduto do forró. Para os fãs do gênero de Luiz Gonzaga e para os apegados às tradições, a invasão é vista como ameaça. Uma campanha pela sobrevivência dos forrozeiros no São João vem ganhando força na internet, em especial nas redes sociais e no Nordeste, onde o São João é coisa séria — as festas mobilizam cidades e movimentam altas cifras em turismo e gastronomia. Neste domingo, em apresentação aberta na Avenida Paulista, a cantora paraibana Elba Ramalho deu seu apoio à campanha. “São João não é festa do peão”, afirmou.
Elba contou que até ela, que é um medalhão nordestino, teve dificuldade para entrar na programação de uma das grandes festas da região — ela não revelou qual; as maiores festas do Nordeste são as de Campina Grande, na Paraíba, e Caruaru, em Pernambuco. “Até eu, para entrar em uma das grandes festas, e estou há pelo menos dezesseis anos fazendo a tradição, tive que conversar com o prefeito da cidade, que me falou para escolher outra data e reduzir o cachê, eu disse não”, disse ela. “Quando me perguntaram em Caruaru sobre a campanha, eu disse que acho que tem que equilibrar. É um direito do sertanejo estar no São João. Mas a grade de programação não pode ser feita de dezoito sertanejos e dois forrozeiros. Não é a festa do peão.”
Em seguida, Elba contemporizou, para evitar atritos com os sertanejos. “Isso não quer dizer que eu não ache os sertanejos maravilhosos. Eu acho. Cabe todo mundo. O céu está cheio de estrelas, nenhuma atropela a outra. Mas deixe junho para o São João.”
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