Decisão do STF pode soltar funkeiro preso por associação ao tráfico
Criador do 'Baile da Gaiola', DJ Rennan da Penha foi preso em abril depois de ser condenado em segunda instância
O nome de Rennan da Penha – DJ carioca preso no Rio de Janeiro desde abril por associação ao tráfico de drogas – voltou aos assuntos mais comentados do Twitter. O motivo é que ele pode ser um dos beneficiados pela decisão do Supremo Tribunal Federal de abolir a prisão imediata após condenação em segunda instância. Com a decisão do STF, abre-se uma brecha para a soltura do funkeiro – reivindicada com estridência nas redes sociais por fãs e gente ligada ao mundo do funk.
Rennan da Penha é o fundador do Baile da Gaiola – famosa festa funk que reúne cerca de 10 000 pessoas todo fim de semana na Vila Cruzeiro, favela do Complexo da Penha, no Rio de Janeiro. Em abril deste ano, o DJ foi preso depois de ser condenado em segunda instância a seis anos e oito meses de reclusão por associação ao tráfico de drogas. No julgamento em primeira instância, o cantor havia sido absolvido por falta de provas.
Na ocasião, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) questionou a prisão, e afirmou que a condenação era uma tentativa de criminalizar o funk e de usar a justiça penal contra setores marginalizados da sociedade. A sentença foi dada com base em mensagens trocadas pelo cantor com membros da comunidade, entendidas pelo juiz como prova de que Rennan atuava como informante do tráfico.
“Me acusam de olheiro, disseram que eu dava informações por onde a polícia passava naquela comunidade. Mas foi um mal-entendido, todo mundo se comunica na comunidade. Toda vez que tem uma operação, todos os moradores se comunicam, entendeu? Colocaram isso como se fosse atividade do tráfico”, explicou o DJ na delegacia, ao ser preso.
Rennan é conhecido por popularizar o funk 150 bpm (batidas por minutos), variação do gênero que ganha cada vez mais apelo nos bailes cariocas. Em julho de 2018, a Festa da Gaiola chegou a receber mais de 20 mil pessoas no Complexo da Penha – na ocasião, durou cerca de 16 horas.
O cantor tem mais de 225 milhões de visualizações no youtube, e já foi atração de carnaval ao lado de Ludmila. O Baile da Gaiola é tema de músicas de funkeiros em alta como Dennis DJ e Mc Livinho. Em outubro, já encarcerado, Rennan levou a estatueta de Canção do Ano no Prêmio Multishow pela música Hoje Eu Vou Parar na Gaiola – colaboração com o também funkeiro Livinho. Lorenna Vieira, esposa do cantor, recebeu a condecoração das mãos de Anitta, que incentivou a digital influencer a falar sobre o marido em meio a gritos de “Liberdade, Rennan da Penha” entoados para plateia.
Nas redes sociais, fãs do cantor, políticos e ativistas defendem a liberdade de Rennan, e afirmam que a prisão é motivada por preconceito. Representantes do DJ agradeceram o apoio por meio de seu perfil oficial.
Agradecemos a todos pelas orações, energias positivas, de todos os fãs, amigos e colegas de trabalho em breve Rennan da Penha estará de volta. Fé! @amakina1 #continuamosacreditandonajustiça #liberdadedjrennandapenha #rennanlivre #atualizadoequiperennandapenha
— Rennan da penha (@rennan_penha) November 8, 2019
Fico feliz com a decisão do @STF_oficial, que favorece o @rennan_penha. Ser DJ não é crime! #DJRennanDaPenha #RennanDaPenha
— Rodrigo França ✊🏿 (@franca_rodrigo) November 8, 2019
LILI CANTOU!
A importante decisão do STF que derruba a prisão após condenação em segunda instância significa liberdade para @rennan_penha. As acusações contra Rennan são um reflexo da face racista e elitista da Justiça. A luta da produção cultural popular e periférica continua!
— Dani Monteiro (@danimontpsol) November 8, 2019