Da confusa mente de Van Gogh às estratégias de Getúlio Vargas, livros biográficos são opções interessantes para quem quer conhecer mais sobre a história além de desvendar como viveram interessantes personalidades do Brasil e do mundo. Confira a seguir cinco boas opções:
Van Gogh: A Vida, de Steven Naifeh e Gregory White Smith, editora Companhia das Letras
Considerada a biografia definitiva do artista holandês, o calhamaço de mais de 1.000 páginas é um deleite não só para fãs do pintor e de artes visuais, mas também de entusiastas da história. Amparados por uma ampla troca de correspondência, hábito da família Van Gogh, os autores descrevem detalhes da vida da família do pintor e os eventos ao redor: seu pai era um pastor, em plena explosão da reforma protestante na Europa, sua mãe, uma aspirante a socialite. Irmão mais velho, Vincent sempre destoou dos demais. Para além do complexo protagonista, a biografia ganha sabor com uma intensa trama familiar e detalhes do desenrolar do impressionismo na Europa.
Viver Para Contar, de Gabriel García Márquez, editora Record
Com sua prosa envolvente e de tom poético, o Nobel da Literatura escreve sobre a própria trajetória, de lembranças familiares até detalhes da história política e cultural da Colômbia, seu país natal. O livro é mais um ensaio de sensações e memórias falhas, como o próprio revela, do que uma biografia tradicional que preza pelos fatos e pela ordem dos acontecimentos. Mesmo assim, revela bastante sobre quem foi e como viveu um dos principais escritores da história.
Uma Mulher Vestida de Silêncio — A Biografia de Maria Thereza Goulart, de Wagner William, editora Record
De uma elegância ímpar, a ex-primeira-dama Maria Thereza Goulart é tema de uma biografia apetitosa feita pelo jornalista Wagner William. Apurada por 14 anos, Uma Mulher Vestida de Silêncio traça a trajetória pessoal e política da gaúcha, desde seu primeiro encontro com João Goulart a sua visão sobre o golpe de 1964 que a expulsou do país. Em 80 horas de conversas gravadas, Maria Thereza conta sobre as dificuldades vividas no período, desde ter sido forçada a tirar a roupa diante de militares até não poder entrar no Brasil para enterrar os pais. Uma história de vida que vai muito além de um rostinho bonito da alta-costura. Boa dica para quem gosta de história sob um ponto de vista pouco explorado.
Elis e Eu: 11 anos, 6 meses e 19 Dias com Minha Mãe, de João Marcello Bôscoli, editora Planeta
A maior cantora do Brasil rendeu outras biografias, mas Elis e Eu é diferente. Entre amor e luto, o primogênito de Elis Regina, João Marcelo Bôscoli, narra em um livro de memórias o que guardou dos 11 anos, 6 meses e 19 dias de convivência com a mãe, morta em 1982 pela combinação de cocaína com o vermute Cinzano. Com saudade e leveza, João descreve cenas da intimidade familiar, como quando sumiu das gravações de Elis & Tom e foi encontrado dormindo dentro de um bumbo de bateria, e até momentos em que percebeu que a mãe estava na lista negra do regime militar (“Tem ‘boi na linha’, filho”). É um perfil sensível, envernizado pelo o que os olhos de uma criança puderam captar e que a história da música brasileira não ousa esquecer.
Trilogia Getúlio, de Lira Neto, editora Companhia das Letras
A partir de dois anos e meio de apuração e análise de documentos históricos, o jornalista Lira Neto conseguiu compor uma ampla biografia de Getúlio Vargas, que rendeu a trilogia Getúlio, uma reconstituição objetiva e fiel da trajetória do maior personagem da política brasileira. Com precisão de repórter e talento narrativo de bons romancistas, o autor acompanha desde os primeiros passos de Getúlio no caudilhismo gaúcho até seu trágico suicídio, que marcou a história do país. A obra é uma investigação psicológica sobre um indivíduo de tantas facetas, de revolucionário a ditador, reformador social a demagogo, que marcou a política nacional e, de fato, “saiu da vida para entrar para a história”.