A timidez de Paula, menina de 2 anos, quase impediu a criação de um dos clássicos da música popular americana. Mas ela tomou coragem, apesar dos gracejos dos dois priminhos, e pôs o biquíni de bolinha amarelinha que uma tia havia costurado. Por azar, ao entrar no mar, a parte de baixo da peça caiu — salvou-lhe um roupão levado por uma alma caridosa. O pai, o compositor Paul Vance, tendo achado graça da ingênua cena, tratou de colocá-la no papel. “Li a letra ao telefone para o meu parceiro, Lee Pockriss, e em minutos estava tudo pronto”, contou. A canção — Itsy Bity Teenie Weenie Yellow Polkadot Bikini — chegou ao primeiro lugar das paradas de sucesso em 1960 na voz de Brian Hyland. No Brasil, foi eternizada por Celly Campello na adesiva Biquíni de Bolinha Amarelinha. Vence morreu aos 92 anos, em 30 de maio, em West Palm Beach, na Flórida.
As dores de ser uma Freud
“Sou muito cética em relação à grande parte da psicanálise. É uma indulgência tão narcisista que não consigo acreditar nela.” A frase faria barulho entre os terapeutas tradicionais, herdeiros da teoria de Sigmund Freud, quem quer que a proferisse — vinda de uma neta do gênio austríaco, Sophie Freud, é natural que gerasse muxoxos. Antes de buscar asilo nos Estados Unidos, fugindo dos nazistas durante a II Guerra, ela foi criada no que sua mãe chamou de “gueto judeu de classe média alta” de Viena. Formada em psicologia e psiquiatria, deu aulas na Universidade Simmons, em Boston, especializada em crianças e uma das pioneiras na introdução do feminismo no campo do trabalho social. Mas o sobrenome lhe pesava. “Fui sempre designada como uma Freud, distinção que carregava problemas”, escreveu em sua coletânea de anotações, Viver à Sombra da Família Freud, de 2007. Morreu aos 97 anos, de complicações de um câncer no pâncreas, em 3 de junho, em Lincoln, no estado de Massachusetts.
Mais que um rosto bonito
O sucesso nos palcos de São Paulo, com o Teatro do Ornitorrinco e produções como Hair e Sonho de Uma Noite de Verão, no início dos anos 1990, rapidamente levaram Rubens Caribé a ser convidado para a televisão. Fez sucesso em Anos Rebeldes, de 1992, e Fera Ferida, de 1993. Celebrado como galã, era ator de imensa qualidade — interpretava, dançava e cantava. Seu último trabalho foi em Cidade Invisível, série lançada pela Netflix em 2021. Morreu em 5 de junho, aos 56 anos, em São Paulo, em decorrência de uma parada cardiorrespiratória.
Publicado em VEJA de 15 de junho de 2022, edição nº 2793