O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) já recebeu onze denúncias de espectadores que se opuseram ao merchandising do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC) em O Outro Lado do Paraíso. Depois de vir o termo “coach” citado no ar, o IBC entrou em contato com a Globo e pagou para ter seu fundador e suas técnicas – incluindo a controversa hipnose, que especialistas recomendam ser utilizada por profissionais de saúde – divulgados na novela das 9, em meio aos desdobramentos da trama sobre pedofilia que envolvia um delegado corrupto, Vinícius (Flavio Tolezani), e sua enteada, Laura (Bella Piero), desmemoriada pelo trauma que sofreu na infância.
Fontes de mercado afirmaram a VEJA que a ação de marketing, polêmica por misturar interesses comerciais com um tema muito delicado de saúde mental, pode ter custado até 5 milhões de reais.
Veiculada no horário mais caro da TV brasileira – durante a novela das nove da Globo –, a ação contou com uma cena de 2 minutos e 55 segundos em que uma personagem (a advogada e coach Adriana, vivida por Julia Dalavia) explica a outra (a mocinha e irmã, Clara, representada pela atriz Bianca Bin) o que é o termo coach, citando nominalmente o fundador do IBC. “José Roberto Marques, o principal coach do Brasil”, diz Adriana a Clara.
Um coach não é formado para fazer diagnóstico e acompanhar por um longo tempo um paciente com um sério problema afetivo ou emocional. Seu preparo é para dar estímulo a alguém em um momento pontual: ele ajuda a elaborar um plano de ação para quem, por exemplo, está com dificuldade de se movimentar para buscar um emprego.
Ainda não há data para que a ação de merchandising seja julgada no Conar. O conselho, vale lembrar, não tem poder jurídico, mas pode recomendar a sustação de uma futura inserção do IBC em O Outro Lado do Paraíso.