Com Camões, Chico Buarque entra para seleto hall de gigantes da literatura
Após negativa de Bolsonaro, cantor e escritor foi contemplado com a mais importante honraria da literatura de língua portuguesa
Nesta segunda-feira, 24, Chico Buarque finalmente pôde receber o Prêmio Camões, o mais importante da literatura de língua portuguesa — fruto de uma parceria entre os governos de Portugal e do Brasil, criado em 1988. O cantor, compositor e escritor foi contemplado com a honraria em 2019, mas, na época, o então presidente, Jair Bolsonaro, se recusou a assinar a documentação necessária para a entrega. Quatro anos depois, Chico recebeu o prêmio das mãos do atual presidente, Lula, em cerimônia que ocorreu em Sintra, em Portugal. O presidente português também estava presente no evento. “Hoje, para mim, é uma satisfação corrigir um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos”, discursou Lula. “Digo isso porque este prêmio deveria ter sido entregue em 2019 e não foi. Todos nós sabemos por quê.”
Autor de obras como Budapeste, Essa Gente e Leite Derramado, Chico agora entra para um seleto hall de grandes nomes da literatura em língua portuguesa. Antes dele, receberam o prêmio nomes como Mia Couto, Dalton Trevisan, Ferreira Gullar, Lygia Fagundes Telles, José Saramago, Jorge Amado e Rachel de Queiroz, entre outros.
O Prêmio Camões surgiu em 1988, como resultado de uma parceria entre os governos brasileiro e português, com um júri composto por cidadãos de ambos os países e de nações africanas cujo português é a língua oficial. Segundo a Fundação Biblioteca Nacional, ele tem como objetivo “consagrar um autor de língua portuguesa que, pelo conjunto de sua obra, tenha contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural” da língua. Não apenas uma conquista simbólica, o Camões entrega 100.000 euros aos seus vencedores. Os responsáveis pelo valor são a Fundação Biblioteca Nacional e o governo português, que o dividem em parcelas iguais.