Cineastas da Ucrânia alertam o mundo: “Não é um filme, é nosso país”
Em carta aberta, diretores ressaltam a importância de disseminar informações verdadeiras e aplicar sanções econômicas contra a Rússia
![A man clears debris at a damaged residential building at Koshytsa Street, a suburb of the Ukrainian capital Kyiv, where a military shell allegedly hit, on February 25, 2022. - Russian forces reached the outskirts of Kyiv on Friday as Ukrainian President Volodymyr Zelensky said the invading troops were targeting civilians and explosions could be heard in the besieged capital. Pre-dawn blasts in Kyiv set off a second day of violence after Russian President Vladimir Putin defied Western warnings to unleash a full-scale ground invasion and air assault on Thursday that quickly claimed dozens of lives and displaced at least 100,000 people. (Photo by Daniel LEAL / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/02/000_323W7XL-1.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
Um grupo de cineastas proeminentes da Ucrânia pediu que o mundo acorde para a ameaça à democracia simbolizada pela invasão do país pelas tropas da Rússia de Vladimir Putin. Em uma carta aberta divulgada nesta sexta-feira, 25, os cineastas dizem precisar, agora mais que nunca, da ajuda da comunidade internacional e de “qualquer um que entenda que amanhã a guerra pode estar à sua porta”. “Nós temos falado sobre a guerra no Leste da Ucrânia em nossos filmes há oito anos. Você os assistia nos festivais. Mas este não é um filme, é nossa realidade. E hoje essa realidade se espalhou por todo o nosso país sem exceção”, afirmam.
Os cineastas apelam para que a comunidade internacional não fique em silêncio, nem que se posicione de maneiras que poderiam prejudicar a recuperação da paz na Ucrânia. Como sugestão, pedem que escutem as necessidades dos políticos ucranianos, apliquem sanções econômicas contra a Rússia e, principalmente, lutem contra uma “guerra de informação”, compartilhando apenas informações verídicas sobre o que está acontecendo.
Assinam a carta Oleh Sentsov, diretor de Rhino; Valentyn Vasyanovych, diretor de Reflexão e Atlantis; Maryna Er Gorbach, diretora de Klondike; Anna Machukh, diretora executiva da Academia Ucraniana de Cinema e do Odessa International Film Festival (OIFF); Natalia Vorozhbyt, diretora de Bad Roads; Iryna Tsilyk, diretora de The Earth is Blue as an Orange; e Nariman Aliev, diretor de Homeward. “É importante entender que Putin construiu um reino de falsos espelhos onde o branco é chamado de preto e vice-versa”, disse Tsilyk.
Em entrevista à revista americana Variety, o diretor ucraniano Stanislav Kapralov disse que sente como se estivesse em um filme. “Às vezes, há a sensação de que isso não está acontecendo conosco. As mulheres estão chorando. As criancinhas perguntam por que os russos estão nos matando. Vemos arranha-céus destruídos por bombas, crianças chorando ensanguentadas”, descreveu o cineasta. “Entendemos que nunca perdoaremos a Rússia por isso. Deste dia em diante, esta será uma vingança pessoal. Eu não sou um soldado, então vou me vingar da melhor maneira possível – através da arte e do cinema.”