O senhor é famoso por emagrecer e engordar várias vezes para se moldar a seus papéis. Como foi a preparação para viver Gorr, vilão de Thor: Amor e Trovão? Nos quadrinhos, Gorr é um cara bem musculoso que veste só uma tanguinha. Como ninguém no planeta quer me ver assim, exceto se for para rir, decidimos que o visual não seria aquele. Além disso, olha o tamanho do Chris Hemsworth (intérprete do protagonista Thor). Os braços dele são do tamanho do meu torso. O momento em que eu estive mais forte foi em Batman, e aquilo não era nada se comparado com os músculos do Chris. Não adiantaria tentar competir. Em vez disso, exploramos mais os poderes sombrios de Gorr. E fiquei aliviado porque não precisei usar tanguinha.
Natalie Portman faz a versão feminina de Thor. O que acha da ideia da Marvel de criar super-heroínas? É fantástico. Chegou tarde demais, mas antes tarde do que nunca. O diretor Taika Waititi teve à disposição atrizes fantásticas, como Natalie Portman e Tessa Thompson. Como pai de menina, acho muito bom. Mas não sei como andam outros filmes ou séries de heróis nesse quesito, porque não assisto a nada, a não ser que meus filhos queiram ver.
Não é fã de quadrinhos? Não sou, não leio nada disso. E sobre os filmes de heróis, eu mais faço do que assisto.
Tanto o visual quanto a trilha sonora de Thor: Amor e Trovão remetem à estética dos anos 1980. Como avaliou o resultado? E tem também muito Guns N’Roses. Após algum tempo, qualquer coisa ganha ares de nostalgia. Todo o éthos do filme é incrível e ajudou a criar um ótimo clima para a comédia. O diretor Taika Waititi improvisou bastante e ultrapassou algumas linhas aqui e ali, criando cenas hilárias.
O clima de Batman, tanto no seu O Cavaleiro das Trevas (2008) quanto no recente filme com Robert Pattinson, é muito sombrio. Como vê a diferença de estilo agora que está na Marvel, que faz filmes solares e com humor? Ainda não vi o Batman de Robert Pattinson. Ele é um ator maravilhoso e ouvi muitas coisas boas. Sobre o personagem Batman, há uma linha tênue entre ele ser vilão e herói, porque é um personagem em conflito. Esse é o ponto principal da história. Para mim, é muito fácil ser vilão em Thor, já que os olhos do público, geralmente, estão no vilão. Acompanhar a história do “cara mau” e ver ele quebrar todas as regras é sempre mais fascinante. Gosto muito disso. Acho que comédia e tragédia andam de mãos dadas.
Publicado em VEJA de 13 de julho de 2022, edição nº 2797