Depois de três anos de investigação, a Justiça da Espanha comunicou, nesta quarta-feira, 28, que existem “indícios suficientes” para levar a cantora colombiana Shakira a julgamento por sonegar 14,5 milhões de euros (aproximadamente 83 milhões de reais) em impostos. A promotoria acusa a artista de seis crimes fiscais que, em caso de condenação, podem levá-la à prisão.
Shakira “teria deixado de pagar impostos na Espanha durante os anos de 2012, 2013 e 2014, mesmo tendo a obrigação de o fazer por ter sua residência fiscal aqui”, afirma o juiz Marco Jesús Juberías, em documento enviado ao jornal El País. Com base na agenda de shows e apresentações televisionadas, a defesa alega que a cantora teria ficado menos de 184 dias na Espanha em um ano, o que a eximiria da obrigação de pagar impostos no país. Técnicos que analisaram o caso não aceitaram os argumentos, e chegaram a investigar a vida de Shakira em Barcelona com o marido e jogador de futebol Gerard Piqué: embora reconheça que ela viajava com muita regularidade, o Tesouro espanhol considera as saídas como “ausências esporádicas”, uma vez que o local para o qual retornava depois de trabalhar era sua residência na capital da Catalunha.
A receita espanhola ainda afirma que a cantora, assistida por outros réus, tentou esconder sua renda através de “uma série de empresas mercantis”, que figuravam como titulares do patrimônio de Shakira. De acordo com a decisão do tribunal, ela só aparecia como a verdadeira dona da conta em situações “de última instância” ou em “empresas sediadas em paraísos fiscais”.
Registrada em 2018 por um promotor público, a acusação contra Shakira se baseia em uma investigação que rastreou postagens em redes sociais e estabelecimentos comerciais frequentados pela cantora. Na época, assessoria dela divulgou um comunicado que negava irregularidades: “Shakira cumpriu em todos os momentos com suas obrigações tributárias e não deve qualquer quantia à Fazenda espanhola.”