Robert Pattinson tem feito escolhas interessantes nos últimos anos, trabalhando duas vezes com David Cronenberg (em Cosmópolis e Mapas para as Estrelas), uma com Werner Herzog (Queen of the Desert) e outra com James Gray (Z: A Cidade Perdida). Mesmo assim, suas limitações como ator em geral ficam evidentes. Também não ajuda, claro, o fato de ele ter ficado marcado como o vampiro Edward da saga Crepúsculo. Mas prepare-se: Robert Pattinson é bom, sim. A prova está em Good Time (“boa hora”, em tradução livre), terceiro longa-metragem dos irmãos Josh e Benny Safdie, de 33 e 31 anos respectivamente, que deu uma sacudida na competição do 70º Festival de Cannes.
Pattinson é Connie, autor de um roubo a banco em parceria com o irmão Nick (o diretor Benny Safdie), que sofre de problemas mentais. Nick é apanhado pela polícia e, na tentativa de tirá-lo da cadeia, Connie se mete mais ainda em confusão. O filme é o estudo de um personagem desesperado, que vai deixando um rastro de destruição pelo caminho, inclusive de si próprio. Connie se considera mais esperto do que é, na verdade, e sente ter direito sobre os outros.
Em Good Time, os diretores claramente foram influenciados pelos dramas e thrillers urbanos feitos nos anos 1970 por diretores como Martin Scorsese, William Friedkin e Sidney Lumet, imprimindo a energia e a textura das ruas de Nova York no filme, embalado por uma música potente de Oneohtrix Point Never. Na reta final da competição do 70º Festival de Cannes, Good Time é uma injeção de vigor numa disputa morna, com poucos destaques.