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Para atriz, ‘Baseado em Fatos Reais’ lembra primeiros filmes de Polanski

Esposa e musa do diretor, atriz francesa diz ter 'fé e confiança' em Roman Polanski, que já a dirigiu diversas vezes no cinema

Por Mariane Morisawa
Atualizado em 15 abr 2018, 15h20 - Publicado em 15 abr 2018, 07h48

Foi Emmanuelle Seigner quem levou o livro Baseado em Fatos Reais (Intrínseca), de Delphine de Vigan, para o marido, o cineasta Roman Polanski, a quem se juntou em 1989. Polanski se apaixonou pela história da amizade entre a escritora Delphine (Seigner) e uma mulher obsessiva, Elle (Eva Green). O diretor adaptou a trama para o cinema com ajuda do também cineasta Olivier Assayas, no filme de mesmo nome, que chega agora ao Brasil.

Delphine passa por um momento difícil, logo depois de lançar um livro e sofrer um acidente que a obriga a ter a perna engessada, quando Elle entra como furacão em sua vida. A atriz francesa de 51 anos conversou com a VEJA durante o Festival de Cannes de 2017, onde Baseado em Fatos Reais foi exibido fora de competição:

 

Li que você levou o livro até Roman Polanski. O que mais lhe interessou no livro? Uma amiga me falou sobre o livro. Achei que era uma história tão incrível, com tantos elementos polanskianos. Me lembrou de seus primeiros filmes, como Repulsa ao Sexo, Armadilha do Destino, O Inquilino, um pouco de O Bebê de Rosemary também. Parecia perfeito. Dei o livro a ele, que amou. Fizemos super rapidamente, porque isso foi um ano atrás. Então foi um pequeno milagre. Foi uma grande aventura.

Quis interpretar a escritora desde o princípio? Sim, queria fazer a escritora. Roman estava hesitante, não sabia se eu deveria interpretar Elle ou não. Mas já tinha feito aquela personagem antes. E também a Eva Green é perfeita para o papel, ela está incrível no filme. Não consigo imaginar o contrário. Ou alguma outra atriz interpretando Elle. Porque ela é tão maravilhosa. Fiquei tão feliz quando aceitou. Acho que ela é perfeita para o papel.

Então você o convenceu? Não foi… Não. Não, foi só por um momento que ele pensou assim.

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Você disse que o projeto aconteceu rápido… Foi realmente rápido, um ano apenas no total.

Isso significou que você tinha menos tempo para se preparar ou mudou a maneira como trabalha com Polanski? O que foi difícil do meu ponto de vista é que estou fazendo uma série de televisão ao mesmo tempo, Insoupçonnable, que é a versão francesa de The Fall. Então, estava… Entre as duas coisas. Isso foi complicado. Mas conseguimos. Só que foi muito trabalho.

Posso imaginar, porque a personagem é bem complexa e o relacionamento com Elle também. Não, isso foi fácil.

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Foi? Sim, porque com a Eva, desde o princípio, nos conhecemos e nos adoramos. Foi tão mágico! Então, isso foi fácil. E ela é uma atriz tão boa! Foi fácil. A parte difícil foi o gesso, as muletas, a chuva, o frio, isso foi punk.

É importante num filme como este, em que o relacionamento é tão fundamental, que você se dê bem com a outra atriz? Sim! Para mim é importante. Porque sou uma atriz mais orgânica. Não consigo fingir. É difícil para mim. Se não gostasse dela, acho que não conseguiria fazer o mesmo trabalho. O filme seria menos interessante. O fato de Eva e eu termos esse relacionamento foi muito especial. E isso está evidente na tela. Há coisas que não dá para fingir ou mentir.

Filme – Baseado em Fatos Reais
As atrizes Emmanuelle Seigner e Eva Green durante cena do filme “Baseado Em Fatos Reais”, de Roman Polanski (Carole Bethuel/Studiocanal GmbH/Divulgação)

E a história sobre um relacionamento complexo entre duas mulheres é bem raro, certo? Sim, é muito raro! Há muitos papeis para homens e garotas bem jovens. Mas, para duas mulheres, um duelo assim é ótimo e muito interessante.

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E Polanski nunca tinha feito um filme sobre o relacionamento de duas mulheres. Nunca! Nunca!

É incrível. É incrível. Acho que ele gostou bastante, ficou bem feliz.

Filme – Baseado em Fatos Reais
As atrizes Emmanuelle Seigner e Eva Green durante cena do filme “Baseado Em Fatos Reais”, de Roman Polanski (Carole Bethuel/Studiocanal GmbH/Divulgação)

Sempre é meio dado que em seus filmes você vai fazer algum papel? O quê? Não, não, de jeito nenhum! Não, eu não estava em Deus da Carnificina, nem em O Pianista. Não participei de vários dos filmes dele. E graças a Deus! Ele tem de trabalhar com outras atrizes e outros atores. Claro! Desta vez foi assim. Foi, como se diz… Por acaso. Não, não, não. Não se preocupe.

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Não estou preocupada. Não vou estar em todos os filmes dele. Quando é certo. Tenho de ser a pessoa certa para a personagem. É isso.

Claro que a comunicação deve ser fácil sendo atriz e diretor, não? Amamos trabalhar juntos. Ele é um ótimo diretor, então é maravilhoso. Amamos isso. Temos uma relação ótima no trabalho. E confio tanto nele, tenho tanta fé e confiança nele… Não fé, confiança. Então para mim é como uma benção.

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