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‘Bandersnatch’: filme interativo de ‘Black Mirror’ é engenhoso e divertido

Lançada há poucas horas, produção já está causando burburinho na internet, com público compartilhando e debatendo seus diferentes finais

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 dez 2018, 18h43
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  • Black Mirror pode até não ter lançado uma nova temporada em 2018, mas acaba de dar motivo para os fãs refletirem e gastarem horas nas redes sociais comentando sobre a série neste fim de ano. O seriado britânico lançou nesta sexta-feira, 28, a primeira produção interativa para adultos da Netflix. Bandersnatch, que vem em formato de filme, é um engenhoso e sofisticado produto midiático, que oferece uma história intrigante o suficiente para fazer o público querer explorar todas as narrativas possíveis, como em um divertido jogo.

    O filme se passa nos anos 80 e acompanha Stefan (Fionn Whitehead), um jovem que tenta criar um jogo interativo de videogame baseado em um livro que era de sua mãe, morta quando ele tinha apenas 5 anos. Logo no começo, o espectador é convidado a tomar decisões que vão mudando o rumo da trama. Escolhas bobas, como o tipo de cereal que o protagonista vai tomar no café da manhã ou a música que ele vai ouvir no ônibus, logo são substituídas por questões realmente relevantes para a narrativa.

    Aos poucos, Stefan vai percebendo que criar o jogo é mais complexo do que ele imaginava, ao mesmo tempo em que passa a desconfiar da realidade em que vive, questionando se está no controle de sua história. Enquanto isso, o espectador esbarra em alternativas pouco diferentes umas das outras quando precisa decidir o enredo ou, às vezes, uma escolha não leva a lugar algum e ele precisa voltar e refazê-la.

    É aí que o filme roteirizado por Charlie Brooker, o criador do seriado, e dirigido por David Slade (que comandou também o episódio Metalhead, da quarta temporada), se revela. O longa oferece um elaborado jogo interativo ao espectador, mas também coloca em dúvida justamente os conceitos de livre-arbítrio e destino e fornece uma ponta de ironia sobre o tema da interatividade. É bom lembrar que Black Mirror se tornou famosa por seu tom crítico à tecnologia e à maneira como a sociedade a emprega, muitas vezes injustificada ou equivocada.

    Em entrevista ao site da revista The Hollywood Reporter, a produtora Annabel Jones deu a dica. “Pela minha experiência com narrativas ramificadas, você geralmente termina com um monte de finais disparatados, sem significado”, disse. “Você coloca seu protagonista em tantos cenários diferentes que perde o sentido do todo. Quando encontramos um jeito que, como diz Charlie (Brooker), ficou completamente coeso com a história – a ideia de liberdade de escolha e controle, e a ilusão de controle e ilusão de escolha – quando esse é o conceito básico, você tem um protagonista que pode ter vários finais, mas todos eles vão reforçar o todo.”

    Pode-se chegar a cinco desfechos diferentes: em quatro deles, é possível escolher ver os créditos ou voltar para algum momento-chave que mudará o rumo da trama; no quinto, considerado o “oficial” por Brooker e Annabel, os créditos sobem automaticamente, sem que o espectador tenha chance de refazer as decisões. Esse final é o mais satisfatório, amarrando todas as pontas da narrativa.

    A experiência de ver Bandersnatch com certeza será diferente para cada espectador, mesmo no caso de todos chegarem ao final oficial escolhido pelos produtores. Que o digam os assinantes da Netflix que já viram o filme – no Twitter, a hashtag #Bandersnatch lidera a lista de assuntos mais comentados do momento no Brasil. Já no fórum Reddit, tópicos e mais tópicos sobre o longa estão sendo alimentados por usuários falando sobre os finais a que assistiram e os significados que encontraram.

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