Mais de um século depois de sua morte, a obra e a vida de Vincent Van Gogh continuam a surpreender. Novas técnicas de raio X hoje permitem que pinturas por trás de suas telas sejam reveladas, como é o caso de um autorretrato recentemente descoberto na coleção da National Galleries da Escócia. O rosto do artista usando chapéu e um lenço de pescoço se escondia por trás da obra Head of a Peasant Woman (Cabeça de uma Mulher Camponesa, em tradução livre), de 1884, doada ao museu em 1960 por Alexander Maitland, um advogado de Edimburgo.
O curioso é que não havia suspeitas sobre a tela: o autorretrato foi encontrado graças a um exercício de catalogação e preparação para uma exposição sobre o impressionismo francês (Van Gogh desenvolveu grande parte de sua carreira artísticas na França). Lesley Stevenson, a conservadora de pinturas que encontrou a imagem, descreve o momento como “absolutamente emocionante”. Confira o vídeo em que Stevenson narra a descoberta:
Pesquisas indicam que a pintura é parte de uma série de autorretratos experimentais de Van Gogh, pintadas no verso de telas, na época em que viveu em Nuenen, na Holanda. O próximo passo será revelar o autorretrato em questão, cujas condições são incertas sob camadas de cola e papelão. Para preservar a imagem original, esse processo envolve trabalhar com a a diferença de solubilidade da cola de origem animal e da tinta à base de óleo.
Head of a Peasant Woman não é a primeira obra de Van Gogh a revelar outras escondidas sob elas. Poplars near Nuenen, de 1885, por exemplo, é objeto de estudo no Museu Boijmans Van Beuningen, de Roterdã. Uma pesquisa busca entender por que Van Gogh a pintou por cima de uma imagem anterior, de uma igreja. Em ambos os casos, não se trata apenas de acessar obras ocultas, mas de entender a evolução do artista e das escolhas, técnicas e criativas, tomadas ao longo de sua carreira.