Quando o podcast Serial foi ao ar em 2014, o americano Adnan Syed já estava preso há 15 anos, condenado pelo assassinato de sua ex-namorada, Hae Min Lee, em 1999. O podcast, conduzido pela jornalista Sarah Koenig (e hoje propriedade do The New York Times), foi um dos primeiros do gênero investigativo e fez sucesso estrondoso, alimentando o interesse do público por um grande nicho do formato, o true crime (crime real). O programa conferiu notoriedade ao caso de Syed. Na segunda-feira, 19, após 23 anos preso, ele foi libertado da pena de prisão perpétua. No tribunal de Baltimore, cidade de Maryland, nos Estados Unidos, a juíza Melissa M. Phinn anulou a condenação por assassinato e ordenou que ele cumpra prisão domiciliar. Os promotores têm 30 dias para decidir se irão prosseguir para um novo caso ou desistir das acusações.
A promotoria não chegou a admitir que Syed é inocente, mas, na semana passada, disse não ter mais fé em sua condenação. Segundo eles, uma investigação apontou dois possíveis “suspeitos alternativos”, que ainda não foram nomeados publicamente ou acusados. Além disso, dados não confiáveis de torres de telefonia celular utilizados anteriormente no julgamento colocam em dúvida se Syed teria mesmo cometido o crime. Em sua decisão, a juíza apontou que os promotores falharam em entregar provas que poderiam ter ajudado Syed no veredicto e descobriram novas provas que poderiam ter afetado o resultado do caso, conforme informa o The New York Times.
Hoje com 41 anos, Syed cumpria pena de prisão perpétua desde os 17. Ele e Hae Min Lee eram alunos do último ano da Woodlawn High School, em Baltimore, e tiveram um breve relacionamento. Lee desapareceu em janeiro de 1999 e seu corpo foi encontrado estrangulado em um parque semanas depois. Suspeito imediato do crime, Syed foi condenado em 2000 e manteve sua inocência desde então. Diversas apelações foram feitas ao longo do tempo, mas sem sucesso.
Ao longo de mais de 12 episódios, Serial suscitou dúvidas sobre Sayed ter recebido um julgamento justo. Dentre os desdobramentos do caso, está o fato de a anterior advogada de Syed ter sido cassada em meio a denúncias de irregularidades, em 2001. O podcast alcançou popularidade gigantesca lá fora e, mesmo após o fim da temporada, em 2015, a apresentadora Sarah Koenig segue produzindo atualizações sobre o caso: nesta terça-feira, 20, um novo episódio foi lançado.