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Anitta, Bolsonaro e a dúvida sobre apoio a políticos

Fãs criticam cantora sobre seu silêncio em relação ao candidato Jair Bolsonaro e amizade com 'influencer' apoiadora do presidenciável

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 19 set 2018, 20h30
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  • Declarar ou não declarar o voto? Eis a questão que, nos próximos dias, terá o poder de tirar o sono de celebridades. Em tempos em que o número de seguidores nas redes sociais é diretamente proporcional à relevância de uma pessoa e ao poder que ela possui de levar público a shows, peças, salas de cinema e sites de streaming, apoiar ou não um candidato pode significar uma queda nos números ostentados no topo de redes como Instagram, Twitter e Facebook. Mas o recente episódio com Anitta prova que o contrário também pode acontecer.

    A funkeira optou por ficar calada enquanto diversas atrizes e cantoras — inclusive a jornalista (musa da direita) Rachel Sheherazade — levantaram a placa do movimento #EleNão contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL), por seus diversos comentários considerados machistas e homofóbicos.

    Pabllo Vittar, cantora comparável a Anitta por seu alcance no cenário pop, não apoiou, até o momento, nenhum candidato, mas deixou clara sua posição sobre Bolsonaro no fim de agosto, quando quebrou o contrato com uma marca de sapatos com quem tinha uma parceria, ao saber que o dono é um apoiador do candidato do PSL. “Não poderia aliar meu trabalho a um discurso que deixa claro não se importar com os direitos humanos de toda comunidade LGBTQIA+, da qual faço parte”, disse na época. Nesta quarta, Pabllo publicou uma imagem em apoio ao movimento virtual #EleNão.

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    #elenao #elenunca #elejamais

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    Anitta, por outro lado, caiu na malha fina da internet quando fãs perceberam que a funkeira segue Flávia da Vila Perez, uma feroz apoiadora de Bolsonaro nas redes sociais. Um posicionamento foi cobrado pelos seguidores de Anitta. A cantora respondeu com publicações no Instagram e uma série de tuítes, nos quais afirma que é amiga de longa data de Flávia e que tem o direito de não querer opinar sobre política. No Twitter, finalizou a discussão sugerindo ser bissexual e, no Instagram, reforçou que é contra “a discriminação de qualquer espécie”, a homofobia e o machismo e que sofreu “por ser funkeira, favelada e ainda sofro por ser mulher”.

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    O pronunciamento angariou mais críticas do que elogios e abriu o questionamento: existe um limite para a liberdade de Anitta? A dúvida nasce do histórico da cantora, que se destacou entre um mar de funkeiras quando apostou em um estilo mais pop, que foi rapidamente abraçado pelo público LGBT — e, consequentemente, pelo chamado “pink money”, o dinheiro rosa, termo usado para classificar o poder de consumo da comunidade gay.

    Nas redes, não são poucas as sugestões de boicote contra a cantora. “Anitta falando em voto secreto e que não é obrigada a nada, mas na hora de levantar bandeiras das minorias para divulgar suas músicas, quer que essas mesmas minorias consumam seu conteúdo, né? Cheirinho de ‘pink money’ de longe”, escreveu um dos críticos da cantora nas redes.

    O caso faz lembrar um passado não muito distante — em 2016, quando boa parte da classe artística americana se uniu contra um inimigo comum: Donald Trump. Cantoras como Lady Gaga, Madonna e Katy Perry foram às ruas. Beyoncé acentuou o discurso contra o racismo e a violência policial. E até Adele, que é britânica, convocou Hillary Clinton ao palco em um show nos Estados Unidos para pedir votos. O esforço não adiantou muito no campo político, mas ajudou a imagem das celebridades, que, apesar das críticas dos apoiadores do republicano, continuam firmes e fortes nas redes sociais e populares o suficiente para encabeçar grandes projetos. Gaga acabou de lançar um filme que a colocou na lista de possíveis indicadas ao Oscar 2019, e Beyoncé continua a bater recordes no Instagram, assim como Selena Gomez, uma crítica atual do presidente e suas políticas anti-migratórias.

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    Quem ficou de fora do bonde foi Taylor Swift. A cantora country não defendeu a candidata preferida do show business e foi “acusada” de secretamente apoiar Trump. Taylor lançou mão da liberdade de não se posicionar e pagou por isso. O episódio foi a cereja do bolo de outras encrencas em que a cantora estava envolvida, como a briga com o rapper Kannye West. Como consequência, a cantora viu seu perfil no Instagram cair do segundo lugar no ranking de mais seguidos no mundo para o oitavo. Ela teve que desativar os comentários para evitar brigas entre os seguidores. Seu último álbum, Reputation, foi bem em vendas, mas ficou abaixo dos anteriores. Este ano, Taylor fez sua primeira e única postagem com um tom político, ao apoiar o movimento pelo controle de armas de fogo nos Estados Unidos, assunto caro aos republicanos.

    Vendo o exemplo da colega americana, Anitta precisa refletir sobre seu silêncio.

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