A saudável reação à arte na ArtRio…
VEJA entreouviu comentários e diálogos de visitantes anônimos da feira carioca
A arte provoca as mais diversas reações nas pessoas. Emociona, questiona, faz pensar. O que uns admiram pode não ser relevante para outros, afinal, cada um tem o seu entendimento do mundo. Na ArtRio, que chega ao fim neste domingo, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, era possível entreouvir muita coisa. A seguir, algumas anotações do que foi dito por visitantes anônimos.
“Se o pessoal do MBL visse essa foto, ia dizer que é zoofilia”
(Rapaz, para a namorada, sobre a foto de um homem nu segurando uma pomba, de autoria de Mario Cravo Neto, na Galeria Millan)
“E não é que a carteira de trabalho virou mesmo peça de museu!”
(Mulher, sobre as carteiras de trabalho, parcialmente cobertas com tecido, como se estivessem desaparecendo, na instalação Dois Crimes Menos Um, do artista Lourival Cuquinha, na Báró Galeria)
“Árvore arrancada pelo furacão Irma, em Miami, vem parar na ArtRio”
(Rapaz adolescente, sobre a escultura suspensa de uma mini-árvore do cubano Jorge Mayet, na Galeria Inox)
“Genial isso aqui! É só uma moldura! O cara nem se deu ao trabalho de fazer um quadro e está vendendo a moldura como arte…”
(Mulher, para uma amiga, sobre obra com a aparência de uma moldura vazia, de José Resende, na Carbono Galeria)
“Olha só, um remédio! Vamos ver para o que é, vai que é para emagrecer…”
(Mulher um pouco acima do peso, para uma amiga, sobre Remédio Brusckyano, de Paulo Bruscky, na verdade “indicado” para “tratamento de infecções causadas por falta de imaginação, inteligência e criatividade”)
“Queria um ralo transbordando ouro desses lá em casa”
(Mulher, sobre a escultura de bronze polido do artista Vanderlei Lopes, na galeria Celma Albuquerque)
“Vem, sim, está lindo! Mas não é um evento para pobre, não, é para rico!”
(Homem, ao telefone, logo após ouvir que a colagem Le Pied Dans Le Pied – Dadamade) de Man Ray, em tiragem de 30 exemplares, custava 70 000 reais)
“Gostei, mas eu tiraria todas essas madeiras que estão em volta e ficaria só com a tela”
“Ah tá, eles são os Osgemeos e você é o gênio, né?”
(Diálogo entre rapaz e moça, sobre obra da dupla Osgemeos, com várias geometrias em madeira, na galeria Fortes D’Aloia & Gabriel)
“Esse cara é gato!”
“Não! Esse cara é gato!”
“Nada disso, esse aqui é muito mais gato!”
(Três amigas fazendo investigação forense sobre os corpos dos rapazes na imensa foto de uma praia, de autoria de Massimo Vitali, na Baró Galeria)
“Olha a fila dos fãs da Lady Gaga dando com a cara na porta no Rock in Rio”
(Moça, para amigo, diante da foto de João Castilho, com uma fila de pessoas diante de uma parede sem porta de entrada)