A obra de Christo, o artista plástico que ‘embrulhava’ construções
Artista búlgaro alterava paisagens e cenários urbanos com intervenções chamativas e criativas
O artista plástico Christo, famoso por suas colossais criações que envolviam monumentos arquitetônicos, desafiou rótulos ao conceber, em parceria com a esposa, Jeanne-Claude, intervenções artísticas voláteis, que alteravam a paisagem urbana. As obras duravam poucos dias aos olhos do público, mas tomavam anos de preparação e imaginação. A próxima ação de Christo, que morreu neste domingo aos 84 anos, de causas naturais, previa cobrir o Arco do Triunfo, em Paris, com tecido azul reciclável — ação adiada pela pandemia, mas ainda marcada para setembro de 2021.
Nascido em 13 de junho de 1935 em Gabrovo, na Bulgária, Christo Vladimirov Javacheff fugiu em 1956 em um trem de mercadorias do regime comunista e do realismo soviético ensinado na Faculdade de Belas Artes de Sofia. Em 1958, ele conheceu a esposa francesa, Jeanne-Claude Denat de Guillebon, que morreu em 2009 em Paris. Christo decidiu se estabelecer em Nova York e obteve a cidadania americana.
Ganhou visibilidade nos anos 1960 e 70, ao ampliar sua arte de “empacotar”. Um dos primeiro monumentos de grande escala que recebeu sua interferência foi o Museu de Arte Contemporânea de Chicago, em 1969. Em 1982, chamou a atenção ao cobrir 11 ilhas na Baía de Biscayne, no sul da Flórida, com polipropileno rosa, no projeto chamado Surrounded Islands.
Ao adicionar cores, texturas e até mudar a utilidade de grandes paisagens — uma de suas intervenções criou pontes entre ilhas na Itália —, Christo mexia com a percepção das pessoas sobre a interação com os lugares e a arquitetura, e o jeito de cada um ver o mundo. Ao ser questionado sobre o propósito de sua arte, porém, Christo era poético: “Fazemos coisas bonitas, inacreditavelmente inúteis e totalmente desnecessárias”.
Confira abaixo outras imagens de obras famosas do artista plástico e o projeto para cobrir o Arco do Triunfo, em Paris:
(Com agência France-Presse)