Como reagiu ao saber que seu funk, Bum Bum Tam Tam, com 1,5 bilhão de visualizações no YouTube, virou a música da vacina CoronaVac? Quando vi que tinha virado meme, fiz um remix mudando a letra e falando que a vacina vai salvar muita gente. O Instituto Butantan começou a me marcar no Instagram e pedi para gravar o clipe lá. Eles me deram atenção total. Essa música mudou minha vida.
Por quê? Ela está ajudando a mudar a visão que se tem do funk, que é muito discriminado. Foi até citada em uma questão do Enem deste ano. A ciência entrou no funk.
Como foi gravar o clipe dentro do Butantan? A energia das pessoas que trabalham lá é surreal. Todos estavam felizes de estar ali. Nossa interação foi “da hora” (no clipe, os funcionários surgem dançando). Só não fui ao setor onde é feita a vacina, por segurança.
A abertura da música usa um trecho de uma peça de Bach, e a Orquestra Sinfônica da Bahia tocou sua música para falar da vacina. Como recebeu a homenagem? Achei genial. Fiquei imaginando como seria ver o Bach em pessoa tocando a Partita em Lá Menor para Flauta, de onde tirei o sampler. Escuto muita música clássica. Foi lindo.
O governador de São Paulo, João Doria, ligou para agradecer pela música. Isso o surpreendeu? Foi um baita reconhecimento, né? Isso foi uma vitória para o funk. Você já tinha visto um governador ligando para um funkeiro antes? Não é coisa que se vê por aí.
O que pensa da guerra política pela vacina? Não vou me intrometer em briga política. Os governadores e o presidente têm de se lembrar que o que está em jogo é a população. Se a vacina vai salvar vidas e é segura, temos de tomar.
Há quem diga que seu funk fez mais pela vacina que muitos políticos. Concorda? Vi muitos memes dizendo: “Fioti para Ministro da Saúde”. Isso mostra que a gente está ajudando as pessoas a ter a noção de quanto se vacinar é importante.
Publicado em VEJA de 3 de fevereiro de 2021, edição nº 2723