A edição de VEJA que circula nesta semana traz um perfil de Pabllo Vittar, drag queen que se converteu em um sucesso sob medida para estes dias de sexualidade fluida na música pop. Nascido Phabullo (pronuncia-se “Pábulo”) Rodrigues da Silva, o maranhense de 22 anos e 1,87 metro de altura (ou mais de 2 metros quando “se monta” com suas botas longuíssimas) tem um séquito fiel de fãs, os VittarLovers. Floresceu na comunidade LGBT, mas vem conquistando um público que abriga os mais diversos gêneros e sexualidades. Os vídeos das canções Todo Dia e K.O., de Vai Passar Mal, seu álbum de estreia — lançado apenas no formato digital —, passaram de 47 milhões de visualizações no YouTube. Ela é um dos destaques da bancada de Amor & Sexo, programa comandado por Fernanda Lima na Globo. No início de junho, o Major Lazer, grupo de música eletrônica, recrutou Pabllo e Anitta para cantar Sua Cara — e o dueto está na quarta colocação do Spotify no Brasil. “Quero que as pessoas me vejam daqui a dez anos e digam: ‘arrasou!’ ”, projeta Pabllo.
Ao entrar no estúdio para fazer o ensaio fotográfico que ilustra a reportagem, o cantor vestia blusa preta e jeans, calça chinelos e usa como adereços um bottom do cantor pop The Weeknd (que ele a-do-ra!) e uma pochete, presente de um fã. Silva tem voz aguda e gestos naturalmente delicados, próprios do personagem que vive regularmente nos palcos. Mesmo assim, a mutação é um processo longo: quase três horas, entre maquiagem, ajustes da peruca e de figurino, para não falar no trabalho de calçar as botas. “Eu me sinto completa quando estou assim”, diz. No palco brasileiro, o antecessor das drag queens foi Ney Matogrosso, que usava saia e maquiagem andrógina com sua banda, Secos & Molhados, lá no início dos anos 70. Atualmente, o cenário musical brasileiro abriga uma leva de cantores trans, de Liniker, especializado em soul music, à força percussiva da banda As Bahias e a Cozinha Mineira. Pabllo Vittar não é trans: ele se “monta” no palco apenas para a performance artística, não porque se identifique com a sexualidade feminina (defende seu gênero como fluido). É o mais hedonista dessa leva, como se atesta no seu agitado show. Ele faz as poses de Madonna em Vogue, dá os trinados agudos de Beyoncé e Whitney Houston e rebola como dançarina de funk. O entusiasmo do público, que tenta se aproximar da artista (ou até apalpá-la), lembra de longe os shows de rebolado da ex-chacrete Rita Cadillac. É uma catártica liberação para todos os que a veem no palco — adultos e adolescentes, gays e héteros.
Para ler a reportagem na íntegra, compre a edição desta semana de VEJA no iOS, Android ou nas bancas. E aproveite: todas as edições de VEJA Digital por 1 mês grátis no Go Read.