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3 erros que fizeram a série ‘Os Anéis de Poder’ passar vergonha

Superprodução da Amazon, baseada no universo de ‘O Senhor dos Anéis’, prometeu mais do que cumpriu em sua primeira temporada

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 14 out 2022, 11h10

O Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder chegou ao Prime Video, da Amazon, com toda a pompa e circunstância que uma superprodução merece. A expectativa alta, porém, não foi correspondida pela série de orçamento bilionário, que encerrou sua primeira temporada nesta sexta-feira, 14, com o lançamento do oitavo episódio. Apesar de ter sido um ponto alto da atração, com uma reviravolta curiosa, o capítulo não conseguiu aplacar todos os erros dos anteriores. Confira os principais deslizes da produção.

Bonitinho, mas sem conteúdo 

AGUARDADA - Os Anéis do Poder: Amazon gastou 1 bilhão de dólares na adaptação -
‘Os Anéis de Poder’: Amazon gastou 1 bilhão de dólares na adaptação – (./Amazon Prime)

Ao anunciar o orçamento de 1 bilhão de dólares para duas temporadas, a Amazon deixou claro que estava disposta a fazer da série uma produção digna do título épica. Mas a dinheirama foi usada com muito esmero na produção de cenários, efeitos e caracterização dos personagens, enquanto elementos básicos, como roteiro, montagem e edição deixaram a desejar. Foram oito horas de apresentação de personagens de forma superficial, em núcleos desconectados e com pouquíssimos confrontos – lembrando que a trilogia de filmes de Peter Jackson teve quase dez horas de duração e uma dose altíssima de cenas de ação que não afetou o envolvimento emocional do público com personagens-chave. 

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Galadriel, elfa ou adolescente birrenta?

ELFOS SUPERPODEROSOS - O alto-rei Gil-galad (Benjamin Walker), a guerreira Galadriel (Morfydd Clark) e o sábio Elrond (Robert Aramayo) são elfos imortais. Eles apareceram na trilogia de Peter Jackson, vividos por outros atores — com destaque para Cate Blanchett e Hugo Weaving na pele dos dois últimos. “Na série, Elrond está no processo de se tornar o líder que vimos nos filmes”, diz Aramayo -
O alto-rei Gil-galad (Benjamin Walker), a guerreira Galadriel (Morfydd Clark) e o sábio Elrond (Robert Aramayo) são elfos imortais em ‘Anéis de Poder’ – (Ben Rothstein/Amazon Prime Video/.)

Em uma trama com diversos núcleos, o protagonismo ficou dividido, mas um nome servia como elo entre as histórias – e também com os filmes: a elfa Galadriel, vivida por Morfydd Clark na série, e por Cate Blanchett na trilogia. Nos filmes, Galadriel é claramente alguém pouco confiável (ela mesma diz isso sobre si para Frodo, quando vê o cobiçado anel que ele carrega), e tem um jeito, por assim dizer, desequilibrado. Mesmo assim, a personagem tem lá seu charme. Na série, a elfa foi vertida em guerreira imbatível e numa espécie de entidade contra o mal. Porém, nos altos de seus 5.000 anos de idade (ou um pouco mais), Galadriel mais parecia uma adolescente birrenta, que só faz o que quer, e, quando mete os pés pelas mãos, se faz de coitada. Foi difícil gostar da personagem – se é que alguém conseguiu. 

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O grito das massas

FÃ DE CAPOEIRA - A curandeira Bronwyn (a iraniana Nazanin Boniadi, à esq.) e Arondir (o porto-riquenho Ismael Cruz Córdova, no centro) vão viver um romance proibido — ela é humana e ele, um elfo. Córdova fala português e tem relação curiosa com o Brasil. “Sempre me perguntam se sou baiano”, diz o ator, que luta capoeira em cena -
A curandeira Bronwyn (a iraniana Nazanin Boniadi, à esq.) e Arondir (o porto-riquenho Ismael Cruz Córdova, no centro) em Anéis de Poder (Ben Rothstein/Amazon Prime Video/.)

Há um detalhe curioso em Anéis de Poder que diz muito sobre o clima da série. Quase todos os episódios possuem uma cena em comum, em núcleos distintos: um líder sério de voz empostada faz um discurso para um grupo de figurantes. Da juvenil Nori (Markella Kavenagh) entre os Pés-peludos, ao elfo Arondir (Ismael Cruz Córdova) e sua namorada humana Bronwyn (Nazanin Boniadi) antes do embate contra os Orcs, até a rainha Míriel (Cynthia Addai-Robinson) e seu braço direito Pharazôn (Trystan Gravelle) em Númenor, a série não economiza para mostrar que a massa está sempre pronta a ouvir e a obedecer com gritos de “yesss” logo após uma fala importante. O detalhe risível mostra o quão sem ritmo e desconectado da realidade é o roteiro. Primeiro porque esse tipo de cena deveria ser um momento de clímax, usado com parcimônia. Segundo que, mesmo a conta-gotas, o recurso virou raridade em produções atuais pelo simples fato de que os indivíduos são mais explorados do que os grupos — e os mais interessantes deles nunca são tão populares assim. Quem quiser comparar é só contar quantas vezes esse tipo de cena acontece em A Casa do Dragão, atualmente no ar na HBO: e a resposta é zero. 

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