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‘3%’: Em novo lugar, personagens enfrentam velhos dilemas

Série brasileira da Netflix apresenta na terceira temporada a Concha, uma alternativa aos dois antigos locais, mas que começa a ruir já no primeiro episódio

Por Meire Kusumoto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 jun 2019, 19h21

Nem o ambiente tecnológico do Maralto, nem o caos do Continente. Boa parte da terceira temporada da série brasileira 3%, lançada nesta sexta-feira, 7, pela Netflix, se passa em um novo lugar: a Concha. Criada a partir do roubo de aparatos e suprimentos do Maralto por Michele (Bianca Comparato) ao final da temporada anterior e idealizada para ser um local democrático capaz de receber todos que quiserem fugir da escassez geral que assola o Continente, a Concha é literalmente um oásis no meio do deserto – as cenas foram gravadas nas Dunas do Rosado, no Rio Grande do Norte. Isso até que uma tempestade destrói parcialmente o lugar e a fundadora percebe que não consegue abrigar todo mundo, como ela havia prometido. É aí que velhos conflitos surgem. “A Michele entra nesse papel de líder com muita inocência, ela confia que vai dar certo e que todo mundo vai ficar bem”, diz Bianca Comparato em entrevista a VEJA. “Ela é forçada a amadurecer e a ter um olhar mais humano – sempre foi muito individualista e solitária.”

A terceira temporada começa cerca de um ano depois da fundação da Concha. E muita coisa aconteceu desde então, incluindo a morte de Fernando (Michel Gomes), de forma violenta. Michele, portanto, precisa lidar com a situação da escassez de suprimentos da nova comunidade sozinha, enquanto enfrenta a oposição da combativa Joana (Vaneza Oliveira) e a indiferença do desesperançado Rafael (Rodolfo Valente), que se entregou à bebida e vive como um verdadeiro encostado. “Ele sempre foi muito cheio de certezas, mas no final da segunda temporada percebe que perdeu tudo: a mãe, o irmão, a Elisa (Thais Lago)”, diz Valente. “Ele está sendo atormentado por antigos fantasmas e não acredita em mais nada.”

Com a sociedade perfeita desenhada por Michele e Fernando começando a ruir, a mensagem que fica, segundo o elenco, é que utopias, afinal, não existem. “O ser humano tem lado positivo e negativo. Se no lugar acabou a água e a comida, o que vocês acreditam que vai conseguir segurar?”, diz Vaneza Oliveira. Bruno Fagundes, que interpreta André, o irmão de Michele que todos acreditavam estar morto mas voltou na segunda temporada, afirma que essa nova leva de episódios dialoga com o atual momento do país. “Temos um caminho do meio que não exclui nenhuma das duas vertentes anteriores, mas complica a situação. Traz um embate, que não é sobre direita e esquerda, ou de que lado você está. Agora o problema explodiu e a temática engrandeceu. A gente tem mais radicalismos, cada um da sua forma. É muito atual.”

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