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Tudo junto e misturado: os destaques da nova edição da CASACOR

Evento mostra que o estilo de moradia inspirado pela pandemia — um lugar para viver, trabalhar, receber e usufruir plenamente — veio para ficar

Por Ricardo Ferraz 3 jul 2022, 08h00

Entre os novos hábitos trazidos pela pandemia, poucos se entranharam tanto na vida das pessoas quanto o “fique em casa”. Não houve quem não cedesse, em alguma medida, à recomendação de juntar a família e se isolar de tudo e de todos para conter o contágio pelo novo coronavírus. Mesmo os que não puderam cumprir a ordem à risca viram o ambiente se transformar ao levarem para dentro do lar atividades que antes só ocorriam da porta para fora, seja estudo, trabalho ou lazer. Os novos usos de salas, quartos, cozinhas e banheiros dão a tônica das tendências exploradas na CASACOR, a maior exposição de decoração do Brasil, que abre suas portas na terça-feira 5, no Conjunto Nacional, em São Paulo.

Divisões claras, como a sala de estar disposta em um lado, a de jantar afastada em um canto e a de ver TV meio escondida na divisa da ala íntima, agora dão lugar ao tudo junto e misturado. A mesa serve tanto para reuniões de trabalho quanto para uma refeição com amigos. Apoios para notebooks entram em cena na lateral dos sofás, que agora podem ter plugues instalados neles para carregar o celular. O home theater, um trambolho que na decoração do passado ocupava um recanto só seu, sumiu, atropelado pela nova relação das pessoas com seus celulares e tablets. A própria TV, cada vez mais fina e discreta, se adapta ao cenário como um quadro na parede. Nesse lugar plural, o uso muda o tempo todo e depende apenas da atitude e do espírito do morador. “Muita gente se sentia hóspede na própria casa, que frequentava em poucos momentos do dia. A pandemia transformou os lares em grandes macrocosmos, onde tudo acontece”, observa Livia Pedreira, curadora da CASACOR.

A mudança mais impactante é resultado do trabalho remoto, marca dos novos tempos. A arquiteta Helô Marques desenhou um espaço que lembra a vida na fazenda em que se refugiou com os dois filhos durante a pandemia — uma sala de estar e jantar com jeito de ateliê. “Mexer na terra, cuidar de plantas são atos muito mais valorizados atualmente”, acredita. A demanda por escritório e casa unificados impôs um desafio aos minúsculos estúdios — tipo de moradia cada vez mais presente nas grandes cidades. Para conjugar diferentes funções em um espaço diminuto, uma das soluções apresentadas pelo arquiteto Tufi Mousse para um apartamento de 50 metros quadrados foi espalhar elementos do ambiente corporativo em toda parte — até o banheiro tem móveis tubulares cromados típicos de escritório. “Trabalhar em um ambiente caseiro demais pode incomodar e ser pouco produtivo. Quis conjugar os dois usos”, diz Mousse. Uma estrutura de madeira, comum no décor pós-pandemia, dá um ar acolhedor e serve de apoio à iluminação.

TRABALHO PRESENTE - Estúdio: móveis do tipo escritório em toda parte -
TRABALHO PRESENTE - Estúdio: móveis do tipo escritório em toda parte – (Denilson Machado/MCA Estúdio/.)

A decoração minimalista, com obje­tos de design assinado, ainda se faz presente, mas não apenas por motivos estéticos. “As pessoas querem praticidade na hora de arrumar e limpar a casa”, diz Nildo José, arquiteto que participa da mostra com um apartamento de 250 metros quadrados em que os ambientes são totalmente integrados, inclusive o banheiro. Banheiros, aliás, que vinham ficando cada vez mais apertados, recuperaram sua primazia. “Além de suprir as necessidades de higiene, eles podem ser um pequeno spa, voltado para o autocuidado”, explica José. A busca pelo bem-estar passa também por um mobiliário feito para ser usado e abusado, em vez de ficar à espera de visitas. Marina Linhares desenhou uma sala moderna, com um sofá convidativo e uma poltrona de couro desgastado, em perfeita combinação com a velha calça jeans desbotada. “A casa voltou a ser um ninho”, afirma. A comparação ganha ainda mais sentido quando se observa outra marca dos interiores: a presença de plantas, muitas plantas, traduzindo o anseio por uma maior proximidade com a natureza.

Ao completar 35 anos, a CASACOR é a exposição precursora das tendências em decoração, arquitetura e design. “O profissional dessas áreas é a figura central, que pode exercer aqui sua criatividade sem limites”, diz o CEO da empresa, André Secchin. Com franquias em dezoito estados, três países sul-americanos — Peru, Paraguai e Bolívia — e Miami, a CASACOR tem no currículo a antecipação de transformações marcantes no jeito de viver, como as varandas gourmets, os lofts e as casas feitas com contêineres marítimos. Autoridade mais que suficiente, portanto, para decretar que as casas multiúso pós-pandemia vieram para ficar.

Publicado em VEJA de 6 de julho de 2022, edição nº 2796

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