Os cristais da Swarovski integram o disputado mercado de joalheria. Como competir com pedras preciosas? Na verdade, os cristais são feitos de vidro. Meu pentavô e fundador da empresa, Daniel Swarovski, sabia que a beleza das peças estava na lapidação. Então inventou, em 1892, uma máquina inovadora de corte elétrico que utilizava apenas o poder da água para lapidar os vidros e fazer com que eles parecessem diamantes. E até hoje isso é o que faz um cristal ser tão desejado como uma pedra preciosa: sua lapidação perfeita e o brilho intenso.
Mas como convencer alguém a comprar um cristal, não um diamante? Em cima da qualidade, do design e, claro, do marketing. Os clientes Swarovski não compram um cristal em detrimento de uma joia, mas o escolhem por uma experiência diferente. A acessibilidade dos cristais também é muito importante. Toda mulher merece brilhar.
Como a empresa acompanha o movimento em prol da sustentabilidade, questão crítica no meio da joalheria? Quando eu trabalhava com pesquisa no Museu Swarovski, na Áustria, um turista americano apontou para uma montanha e disse: “Não tem metade dela porque vocês tiraram todos os cristais de lá para fazer brincos e colares”. E eu expliquei a ele: os nossos cristais são feitos de vidro e cortados com água. O fato de comprarmos matéria-prima selecionada e lapidarmos as peças dessa forma faz com que os cristais sejam muito sustentáveis.
Por falar em água, vocês têm um projeto educacional e escolheram o Brasil para fazer parte dele. Sim, a água é um elemento estratégico para a família. Então criamos o Waterschool, um projeto que visa a promover vidas sustentáveis pela educação em torno do uso da água. Temos oito unidades pelo mundo, e agora uma no Brasil. Escolhemos estar na Amazônia, em comunidades como as de Beruri, no Rio Purus, onde às vezes nem o poder público chega. Ali construímos escolas que, além do conteúdo de ensino padrão, estimulam a criatividade e atividades relacionadas ao trato com a água. E há um efeito dominó: as crianças compartilham seus aprendizados com os pais e a comunidade.
Como vê o mercado brasileiro? Estamos há mais de vinte anos no país, um dos locais em que a marca tem mais força global. Temos muitos brand lovers aqui.
E o que espera para o futuro? Espero manter o legado do meu pentavô e que o futuro seja cada vez mais brilhante.
Publicado em VEJA de 2 de agosto de 2023, edição nº 2852