Quem foi o primeiro (e real) influenciador de beleza da poderosa indústria cosmética?
Sem o magnata Leonard Lauder, que morreu recentemente, talvez Kylie Jenner, Rihanna e Hailey Bieber não existissem como influenciadores e empresárias

Pouco depois do fatídico 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, o visionário magnata da beleza e diretor executivo da Estée Lauder, Leonard Lauder teve uma inspiração. Com o país em tempos sombrios e atravessando uma enorme recessão, ele percebeu que as vendas de batom estavam aumentando, assim como no passado, nos tempos da Grande Depressão, de crises e incertezas econômicas. Ele pensou: “talvez as mulheres quisessem se dar ao luxo de pequenos luxos nessas épocas difíceis. Talvez o batom pudesse até ser um indicador econômico”. E assim, nasceu o termo “índice do batom.”
“Ele foi o influenciador original (de beleza)”, afirmou John Demsey, ex-presidente da MAC Cosmetics ao “The New York Times”. Filho mais velho de Estée Lauder, empreendedora que fundou a marca de cosméticos americana em 1946, ele foi o responsável por transformar a empresa em um enorme grupo de luxo – muito antes da existência dos gigantescos grupos de moda atuais.
“Eu vejo 10, 20 anos à frente de todos os outros”, dizia. Não estava errado. Se não fosse Lauder, provavelmente não teríamos a Kylie Cosmetics de Kylie Jenner, a Rhode de Hailey Bieber ou a Fenty, de Rihanna. “O prestigiado negócio de beleza dos dias de hoje simplesmente não existiria em sua forma atual sem Lauder”, disse o Demsey.
Ele tinha uma capacidade extraordinária de entender o quão bom era um pó compacto só em passar os dedos e, mais do que ninguém, sabia que a beleza acompanhava os humores da sociedade. Foi Lauder que previu a intersecção entre ciência e cuidados com a pele. Foi ele também que reconheceu o homem metrosexual antes que ele tivesse esse nome e que, assim, lançou a primeira marca de cuidados pessoais e cuidados com a pele masculina com a Aramis.
No lado feminino, ele criou a Clinique com o dermatologista Norman Orentreich, dando início a um movimento de cosméticos com credibilidade dermatológica. Para dar mais ênfase na beleza, porém, chamou o renomado fotógrafo Irving Penn que clicou os produtos como esculturas saídas de um laboratório.
Diversidade e Maquiagem como Arte
Foi Lauder também que percebeu a ascensão dos maquiadores profissionais, diversidade e auto expressão, tratou de comprar a MAC Cosmetics (Makeup Artist Cosmetics – empresa que começou nos bastidores de ensaios fotográficos para revistas e nos backstage de desfiles) e contratar como representantes a drag queen Ru Paul e a cantora KD Lang. Além disso, comprou a linha homônima da Bobbi Brown, quando tinha apenas 10 batons.
Depois que Lauder deixou o cargo de presidente da Estée Lauder, se autodenominou “diretor de ensino” e ministrou seminários para funcionários que incluíam os “Dez Compromissos”, sendo o mais importante deles: “se tiver uma boa ideia, não deixe ninguém te convencer o contrário.” Não à toa, para profissionais de beleza e maquiadores, era chamado de “herói”. Morreu em 14 de junho de 2025, aos 92 anos.