Em 1981, quando Diana Spencer se casou com o Príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, não se tornou apenas uma princesa. Virou um dos maiores ícones fashion do planeta já que, além de muito carismática, possuía uma peculiar característica de saber exatamente como provocar reações instantâneas e causar impacto por meio de seus looks, em especial, com os vestidos. O casamento real, na verdade, foi só o começo de uma trajetória de aparições e eventos em que era acompanhada diariamente pela imprensa e por bilhões de pessoas, atentas a cada peça de roupa que ela vestia. E que, geralmente, tinham algo a dizer.
Tanto que até hoje, 25 anos após sua trágica morte em 1997, Lady Di continua sendo referência global e atemporal de estilo. Cores vivas, monocromáticos, poás (as famosas bolinhas) e até a androginia faziam parte do guarda roupa elegante, mas repleto de modernidade da “princesa do povo”, que teve muita de sua trajetória – das ações filantrópicas ao tumultuado relacionamento com o príncipe e a realeza – pontuadas pela moda. Algo que, ainda bem, ela sabia usar e se comunicar de forma absolutamente excepcional. No entanto, nada batia seus vestidos de noite, que não à toa, entraram para a história.
A começar pelo seu vestido de noiva que, extremamente exagerado e romântico, a elevou ao patamar de princesa glamorosa de contos de fadas, ao mesmo tempo que trouxe à tona o ar dramático, que – por coincidência ou não – pautaria a vida de Diana tempos depois. Feito por David e Elizabeth Emanuel, era um modelo volumoso, cheio de babados, com enormes mangas bufantes, uma imensa cauda e 10 mil pérolas bordadas. Foi ali que a princesa de Gales entendeu o poder do que vestia, e passou a usar a seu favor.
Para seu primeiro compromisso oficial ao lado do príncipe, por exemplo, Lady Di optou por arriscar em mais um modelo cheio de babados, assinado pela dupla Emanuel: dessa vez, um deslumbrante preto de cetim de tirar o fôlego. Naquela noite, a imagem da tímida professora primária deu lugar a uma poderosa e célebre figura fashionista, automaticamente alçada a ícone de estilo.
Sempre muito elegante, a princesa de Gales era certeira em suas escolhas. Quem não se lembra do famoso “vestido Travolta”, de veludo azul meia-noite e formato sereia, que inclusive acabou mudando alguns conceitos de vestimenta do estado norte-americano, quando ela dançou com John Travolta na Casa Branca? “Eu poderia esboçá-lo em minha mente porque era muito específico”, disse o ator sobre o look. Ou o icônico little black dress de Christina Stambolian, que Diana usou na festa da Serpentine Gallery, em 1994, ficando mundialmente conhecido como “o vestido da vingança”? A história é conhecida: Diana apostaria em um Valentino, mas mudou de ideia na última hora após saber que, naquela noite, seria exibido um programa de televisão sobre a relação adúltera do Príncipe Charles e Camilla Parker-Bowles. Diana quis arrasar, chamando mais atenção do que o programa. Obviamente, ela conseguiu.
Homenagens de Diana a outros ícones pops também deram o que falar. Em 1989, ela surpreendeu ao referenciar Elvis Presley no British Fashion Awards, a bordo de um vestido assinado por Catherine Walker, com 20.000 pérolas cintilantes bordadas, e que atualmente se encontra na coleção do museu Victoria & Albert, emprestado pela The Franklin Mint. Outra princesa também foi lembrada por Lady Di através de um look: no Festival de Cinema de Cannes de 1987, ela surgiu em um modelo de tule azul claro drapeado de Catherine Walker, inspirado na personagem de Grace Kelly, princesa de Mônaco, no filme “Ladrão de Casaca”, de Alfred Hitchcock.
No dia-a-dia, Diana também usava e abusava da moda. Seu estilo era reconhecido pela elegância, bom gosto, senso estético e toques modernos. Era fã de looks monocromáticos, com sapatos, bolsas e acessórios da mesma cor do vestido; do color block, em que combinava cores e tons, especialmente as vibrantes como rosa, vermelho, azul e amarelo – e que se assemelha a atual tendência dopamina, que provoca sensação de bem-estar -, e as estampas clássicas, principalmente os poás, em diversas cores.
A princesa de Gales também foi precursora na ressignificação de joias ao usar uma gargantilha de esmeraldas, dada pela rainha Elizabeth II, como um headband em um evento na Austrália em 1985 e até, pode–se dizer, da moda genderless, com roupas sem gênero definido, hoje tão em voga, mas que no corpo de Diana fizaram sucesso na década de 1980. Sem dúvida, a princesa do povo é a eterna rainha do estilo.