Comportamento

‘O diagnóstico de esclerose múltipla me ensinou a ser menos controladora’, diz a top model Carol Ribeiro

Aos 45 anos, a ex-angel da Victoria's Secret teve sua vida revirada ao descobrir doença crônica e ainda pouco estudada

Por Duda Monteiro de Barros SEGUIR SEGUINDO Atualizado em 8 abr 2025, 16h37 - Publicado em 8 abr 2025, 16h33

A modelo Caroline Ribeiro — (Instagram/Reprodução)

“O primeiro sintoma que me acendeu um alerta aconteceu há quase dois anos. Eu estava correndo na praia, acompanhada do meu marido, quando senti um cansaço muito intenso, um mal estar diferente. Senti enjoo, fraqueza, e precisei parar. Dias depois, fui fotografar para um trabalho e as luzes do set me faziam mal. Estava há dias sem dormir, acordava sempre muito suada. Chegou ao ponto de eu ter visão turva, medo de cair enquanto andava, ainda mais quando estava usando salto alto. Os pensamentos pareciam embolados, difíceis de organizar, era como se estivesse perdida. Cheguei a pensar que pudesse ser síndrome do pânico ou menopausa precoce.

Vi que tinha algo errado comigo, que não dava para ignorar, e fui atrás de médicos e mais médicos. Meu marido percebeu que em ambientes muito cheios ou quentes minha fala ficava lenta e enrolada. Aos poucos, fui evitando sair de casa, enquanto esperava um diagnóstico. Logo na virada para 2024, recebi uns exames e entendi que eu não estava bem, mas não quis falar para ninguém. Avisei ao médico que só poderia voltar em março, depois que tivesse passado o Oscar. Quando retornei ao consultório, ele soube que o diagnóstico era de esclerose múltipla.

Fiz uma ressonância onde era possível ver toda a parte do cérebro que já havia sido afetada pela doença. Meu neurologista, o doutor Rodrigo Tomás, é especializado em esclerose e disse que eu cheguei na hora certa, em um ponto em que a remissão ainda é possível. É uma patologia pouco estudada, mas que há chances de encontrar uma cura no futuro.

Há um ano, faço tratamento com aplicação de um imunomodulador de seis em seis meses. No início, ainda tinha sintomas fortes em determinadas fases do ciclo menstrual, como fadiga, e tontura, e faltava ânimo para tudo. Sentia dificuldade para comandar os movimentos, a fala. Me emocionei quando escutei de uma ginecologista que havia estudos recentes que sugeriam uma relação entre menopausa precoce e neurodegeneração. Conversando com meu médico, fui autorizada a colocar implantes hormonais para tentar suavizar os sintomas. De repente, todos os males sumiram e meu humor e entusiasmo voltaram.

Demorei a falar publicamente sobre a esclerose múltipla porque ainda estava tentando me entender e me preparar. Foi um diagnóstico que me mudou totalmente. Antigamente, era difícil me mostrar vulnerável a aceitar ajuda. Eu era muito dura, tinha medo de que me vissem como coitadinha e estava sempre ansiosa, tentando controlar tudo. Me descobri uma pessoa muito positiva nesse processo, e me tornei mais paciente comigo e com o outro. Dou mais valor aos momentos de descanso, me permito tomar café da manhã com calma. Com certeza sou mais leve agora. Não quero mais precisar de puxões bruscos da vida para refletir. Minha principal busca hoje é por equilíbrio.”