No verão, a moda é sorvete funcional
A tendência é sem açúcar, lactose e gluten, mas com proteína, colágeno e fibras, no palito ou na casquinha
Há 4 mil anos, os chineses elaboraram uma sobremesa à base de leite e arroz, colocada na neve para congelar. Assim nasceu o sorvete, que chegou à Itália no século XIII, mas só ganhou o formato atual — uma massa gelada, cremosa e doce — quando os franceses adicionaram doses extras de açúcar, gemas e aromas como café e chocolate. Como a gastronomia reflete o modo de vida de cada época, o sorvete surpreende nesta temporada de verão com ingredientes antes exclusivo do mercado de produtos saudáveis e fitness, como creatina, colágeno e whey protein, que prometem ajudar na boa forma.
Hoje, há sorvetes para praticamente todas as restrições alimentares: versões sem gordura, sem lactose e sem açúcar. Tornar o produto mais saudável é a estratégia da indústria para acompanhar o crescimento já observado no setor de alimentos enriquecidos com compostos funcionais — presentes nas academias, nas dietas esportivas e na despensa de famílias inteiras. Nos últimos cinco anos, esse segmento cresceu 33%. Os brasileiros consomem, em média, 9,1 litros de sorvete por ano, segundo pesquisa inédita da Abrasorvete, associação que representa a indústria. O setor planeja ampliar as vendas em 50%. Uma meta possível, uma vez que, para efeito de comparação, o mercado americano é duas vezes maior.
A ciência ajuda a explicar esse sucesso. A proteína ganhou protagonismo por promover saciedade e preservar a massa muscular. A fibra contribui para a saúde da microbiota intestinal. Já o colágeno auxilia na lubrificação das articulações e na qualidade da pele. A novidade é encontrar tudo isso em um pote de sorvete que, até pouco tempo atrás, atraía apenas pelo sabor — e não pelos ingredientes. A rotulagem que alerta para o excesso de componentes prejudiciais à saúde, como açúcar e gordura saturada, também foi decisiva para mudar a percepção do consumidor.
“Antes, o público que buscava produtos com restrição de ingredientes era muito pequeno. Sorvetes sem lactose e sem açúcar não chegavam a 1% das vendas, por exemplo”, afirma Kerley Torres, diretora da Abrasorvete e proprietária da Sammy Gelados, em Fortaleza. O consumo aumentou no Brasil, mas a forma de consumir também mudou — e a indústria seguiu esse movimento. No Nordeste, já há sorvete servido na casca do coco, substituindo a tradicional casquinha de waffle. Também já há casas que se especializaram neste segmento.
Em São Paulo, “o gelato que faz bem” virou slogan da Wish Factory, sorveteria funcional que propõe unir indulgência, nutrição e a arte do gelato italiano. Na linha premium, os sorvetes não levam lactose, glútem e açúcar adicionado, mas incorporam proteínas e aminoácidos. Mais do que uma tendência passageira, o sorvete funcional simboliza uma mudança de mentalidade: o prazer deixa de ser inimigo da saúde e passa a fazer parte de um novo equilíbrio entre desejo, consciência e bem-estar — uma sobremesa sem gordices.
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